//ANÁLISE// A pandemia e os desafios dos prefeitos

                                                                                            


Fernando Pesciotta


Estes primeiros dias de 2021 marcam a busca por sinais no horizonte. É unanimidade entre economistas e empresários, que o País só vai deslanchar se o programa de vacinação contra o covid-19 for efetivo e massificado. Um começo já será animador.

Esta segunda-feira, 4 de janeiro, é o primeiro dia útil da gestão dos prefeitos eleitos e reeleitos em novembro, que têm grandes desafios pela frente, a começar pela busca por recursos. Diante da crise fiscal, governadores e prefeitos de capitais têm anunciado aumento de impostos.

No curtíssimo prazo, a pandemia é o principal deles. Prefeito esperto será aquele que demonstrar ter aprendido a lição do mundo todo: ganha quem privilegia a vida do cidadão.

Um dos maiores ensinamentos que carrego em mais de duas décadas em comunicação corporativa é que uma crise nunca é só uma crise. Ela é também uma oportunidade para mostrar serviço, para transformar, amadurecer e melhorar.

Vai ganhar o gestor que souber driblar as provocações populistas e se desviar do negacionismo e da hipocrisia bolsonaristas, demonstrando à população que cuidar da saúde pública é o caminho mais curto, mais ético e mais barato para a retomada da economia.

Investir nos cuidados e na vacinação será essencial. Da vacinação dependerá a melhora do mercado de trabalho e, consequentemente, da renda da população.

A partir de agora, 67 milhões de brasileiros estão sem o auxílio emergencial que ajudou a impulsionar o mercado consumidor nos últimos meses e a sustentar a popularidade de gestores públicos.

Economistas ouvidos pela Deutsche Welle são unânimes em dizer que sem um eficiente programa de vacinação não haverá retomada, especialmente no setor de serviços. Ficou claro, até aqui, que este setor é o de pior desempenho na pandemia. Sem uma solução definitiva, continuará patinando, como observa a consultora Zeina Latif na reportagem da agência alemã.

É recomendável, ainda, não esperar pela ajuda federal. Tudo que puder fazer para boicotar o combate à pandemia Jair Bolsonaro fará. No primeiro dia do ano, ele vetou parte da LDO que permitiria destinar recursos para a vacinação. Preferiu determinar que esse dinheiro vá para a área militar.

Dois dias depois, mandou dizer que o dinheiro está garantido com outra chancela. Mas as aglomerações que ele provoca e o pouco caso com a vida que explicita diariamente mostram seu desprezo pela saúde de todos.

Fraude eleitoral

O presidente dos EUA, Donald Trump, telefonou no sábado para o secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, pedindo para “encontrar” votos suficientes para reverter sua derrota.

Usuários de redes sociais traçam um paralelo entre a tentativa de fraude de Trump e o esforço de Bolsonaro em adotar o voto em papel no Brasil.

Votos

Que este ano seja de vacina, muita ciência, desenvolvimento e democracia. Viva 2021.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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