//OPINIÃO// A resposta, meu amigo, está nos ventos de Brasília


Carlos Motta

Alguns leitores do Viva! Serra Negra não gostaram nem um pouco do artigo que publiquei sobre o decreto municipal que permite a reabertura das atividades empresariais na cidade a partir de 1º de junho. O descontentamento se evidenciou em comentários na página do Viva! no Facebook. 

No geral, esses leitores defendem intransigentemente o funcionamento do comércio e serviços neste momento em que a pandemia do covid-19 se amplia em todo o território nacional. E, talvez por falha minha, talvez por falha de uma leitura mais atenta do meu texto, acham que sou contrário ao retorno de suas atividades profissionais.

Alguns, como o sr. Luiz Machado, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Serra Negra, manifestaram o desejo de que eu pegue minhas tralhas e desapareça de Serra Negra. Estranho desejo, já que o sr. Machado várias vezes contatou a equipe do Viva! - eu inclusive -, para solicitar cobertura de eventos da entidade que preside.

A esses leitores indignados com o que escrevi, peço que releiam o meu texto e honestamente julguem se há nele algum disparate, ofensa ou qualquer motivo para tanta violência verbal por parte de alguns. 

A eles tenho de dizer só uma coisa: não sou contrário ao retorno das atividades comerciais, empresariais e de serviços na cidade. 

Mas acho que o retorno neste momento é prematuro, pois envolve o risco de aumentar os casos de covid-19 entre nós.

Fora isso, tenho a impressão de que a reabertura será insuficiente para manter grande parte dos negócios em pé. Como expliquei no artigo, não há turistas nem massa salarial de cidadãos serranos suficiente que justifique expor mais pessoas ao risco da contaminação. 

Várias cidades que reabriram extemporaneamente comércio e serviços tiveram de voltar atrás na medida, por causa da explosão de casos do covid-19. Bem perto da gente há o exemplo de Monte Sião. Ou de Amparo, ou de Águas de Lindoia.

Não sei se essas pessoas que pressionam pela reabertura leram o decreto municipal que libera as atividades econômicas em Serra Negra. Se não leram, é importante que o façam, pois vão descobrir que não vai ser tão fácil como pensam essa volta ao trabalho. O texto impõe uma série enorme de medidas - são tantas que se torna quase impraticável abrir as portas de qualquer estabelecimento.

O que fazer, então, perguntaram alguns desses leitores inconformados com o que escrevi?

Ter paciência é uma virtude mais que necessária, principalmente nesta hora. Prudência, também. Assim como entender que não existe solução mágica, uma cloroquina que vai fazer as pessoas saírem às ruas desesperadas para comprar roupas, calçados, eletrodomésticos, enxovais, presentes etc, ou para experimentar a última moda em cortes e tinturas de cabelos.

Em vários artigos anteriores (aqui, aqui e aqui) dei algumas sugestões, algumas ideias sobre o que os nossos empresários locais poderiam fazer para que a pandemia não fosse tão cruel com eles. 

Outra sugestão é que façam um esforço para compreender que o Estado existe não só para ordenar a vida da sociedade, mas também para prover o bem-estar dos cidadãos. E isso, logicamente, inclui ampará-los em épocas de dificuldade, como agora. 

Portanto, são dos nossos governantes que devem ser cobradas medidas de auxílio às pessoas e às empresas. Isso é o que todas as nações estão fazendo - e no Brasil não deveria ser diferente.

Deixá-las ao Deus dará, ou à mercê do Deus Mercado, é uma atitude indigna de quem ocupa o mais alto cargo da República. Indigna, para não dizer criminosa.

Mas se o governo federal, a quem cabe a maior parcela da responsabilidade por essa ajuda, se nega a tal, então é hora de os cidadãos pressionarem para que ele cumpra com suas obrigações. 

A solução para os problemas está em Brasília. Dos ventos que sopram de lá é que virá o oxigênio capaz de restaurar a saúde física, mental e econômica do Brasil.

Comentários

  1. "Não é preciso ser um meteorologista para saber em que direção os vento sompram!"

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