//SAÚDE// Vereadores relatam caos financeiro no hospital e risco de fechamento



Os vereadores consideraram caótica a situação financeira do Hospital Santa Roa de Lima, apresentada pela sua direção em reunião realizada na segunda-feira, 22 de agosto, antes do início da sessão do Legislativo.

“O Hospital Santa Rosa de Lima é uma bomba que está para resolver e que a gente precisa resolver. De verdade, pela reunião de hoje e pelo desespero, já estourou. O hospital já não está pagando fornecedor e daqui a pouco não vai pagar médicos”, disse o presidente da Câmara, César Augusto Borboni, o Ney.

A situação financeira do hospital chegou a ser chamada de "show de horror" por vereadores que participaram da reunião com o administrador da instituição, Marco Antônio Real, funcionário da empresa RBM Consultoria Hospitalar, de Jundiaí, contratada em abril para prestar serviços e consultorias em análise de custos e administração hospitalar.

Participou também da reunião a diretora-clínica do hospital, a ginecologista Daniela Biller. “O que ouvimos foi um show de horror. Deixar de ter dinheiro para comprar uma pilha. Racionalmente, considerando tudo o que ouvimos, tem de fechar”, afirmou o vereador Roberto de Almeida. “Se dependesse da reunião de hoje a gente fechava o hospital já”, disse também a vereadora Ana Barbara Regiani Magaldi.

A prefeitura no início deste ano renovou o convênio com a instituição para repassar R$ 6,6 milhões em 12 parcelas mensais de R$ 550 mil. O relatório financeiro apresentado aos vereadores revela, no entanto, que os recursos têm sido insuficientes para as despesas e que o hospital necessita de pelo menos mais R$ 250 mil mensais para manter o atendimento e os atuais serviços prestados.

Dois relatos que demonstram a situação de penúria do hospital foram considerados de extrema gravidade. 

Um deles foi o caso dos riscos que correu uma paciente por falta de pilha para o laringoscópio, instrumento para examinar o laringe.

O outro relato foi o de riscos de contaminação de médicos, que foram surpreendidos pela falta de luvas cirúrgicas na hora de realizar um parto cuja paciente era portadora de uma doença sexualmente transmissível.

Faltam enfermeiras padrão e médicos para atender a todos os plantões. Na avaliação dos vereadores, se a prefeitura não tiver condições de atender o pedido de aumento no valor dos repasses mensais ao hospital, a saída imediata para manter as portas abertas será corte de serviços. 

A decisão deverá ser tomada em conjunto com o secretário municipal de Saúde, Ricardo Minosso, que se encontra em férias. Uma das queixas durante a reunião foi a de que falta maior sintonia entre a administração do hospital e a Secretaria de Saúde.

O repasse de R$ 250 mil da prefeitura não inclui o novo piso salarial para os profissionais da enfermagem, aprovado em lei federal que já entrou em vigor. Para pagar R$ 4.700 aos enfermeiros, 70% desse valor para os técnicos de enfermagem e 50% para auxiliar de enfermagem, o hospital vai gastar mais R$ 77 mil e precisará de um repasse mensal de R$ 327 mil. 

O argumento do Legislativo para convocar a reunião com os administradores do hospital é que todos os repasses de recursos para a área da saúde, incluindo os valores destinados ao Hospital Santa Rosa de Lima, têm sido aprovados por unanimidade pelos vereadores, mesmo quando o projeto de lei do Executivo não discrimina o destino das verbas.

A crítica situação financeira do hospital não foi informada pelo prefeito Elmir Chedid em suas redes sociais quando divulgou sua reunião com representantes da instituição para a entrega do diagnóstico financeiro. O prefeito se limitou a informar que o diagnóstico contábil seria apresentado à Câmara Municipal.

Além das dificuldades nas contas correntes, o hospital acumula uma dívida de mais de R$ 4 milhões. Boa parte dos débitos é com fornecedores, o que tem encarecido a aquisição de medicamentos. Como os fornecedores que oferecem preços mais vantajosos se recusam a atender aos pedidos por falta de pagamento, o hospital é obrigado a comprar de outros fabricantes por preço mais elevado.

Reflexo no turismo

Os vereadores temem o impacto negativo da crise hospitalar no turismo e na economia da cidade. A discussão do tema no plenário desagradou em especial o vereador Roberto de Almeida, que lembrou que ameaças de fechamento do hospital em outras ocasiões já se refletiram no turismo.

“Toda a vez que se discute o hospital no plenário da Câmara o reflexo vem no turismo”, disse. “Nós já discutimos isso aqui e o reflexo veio no turismo. Vimos isso em 2015”, acrescentou.

O presidente da Câmara, no entanto, embora reconheça o impacto negativo no turismo, disse que considera relevante a discussão no plenário para que a  imprensa informe à sociedade serrana sobre a situação caótica em que se encontra o Hospital Santa Rosa de Lima. 

“Ou a sociedade vai participar, o empresário, se movimentar ou não vai ter como tocar o hospital. Não tem mais como empurrar”, afirmou. Ney sugeriu que lojistas, hoteleiros e produtores rurais nomeiem um representante para acompanhar a área financeira do hospital e ajudem o Legislativo e o Executivo a encontrar uma solução conjunta.

Ele informou que as lideranças empresariais estão focadas em promover o desenvolvimento turístico na cidade, mas ressaltou que, se não houver solução para manter o hospital funcionando, o turismo será prejudicado. 

Embora tenha reconhecido a importância da imprensa da cidade para levar ao conhecimento da população informações relevantes como a crise no Hospital Santa Rosa de Lima, Ney criticou o trabalho dos jornalistas que segundo ele publicam informações erradas. O Viva! Serra Negra sempre se dispôs corrigir informações eventualmente erradas, mas nunca recebeu do presidente da Câmara nenhum pedido de retificação. 



Comentários

  1. Sem saúde, não existe economia, não existe turismo, não existe cidade. Ah, por acaso, uma cidade que tem como slogan, "Serra Negra, a cidade da saúde". Nenhum, absolutamente nenhum outro problema merece atenção, enquanto a questão da saúde não for bem resolvida no município. Ponto.

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  2. A gestão do setor de saúde no nosso país é realmente um desafio em todos os locias, a saúde não tem preço mas a medicina tem e os procedimentos são caros.
    A questão do atendimento hospitalar em Serra Negra com certeza leva a impactos no setor de turismo e penso também no setor imobiliário. Eu como turista, frequentando a cidade há anos, sempre tive essa preocupação e qdo questionava moradores sobre o atendimento eles sempre diziam que precisava ser melhor..fica difícil ...vc investir, por exemplo em um imóvel e não ter o respaldo de, pelo menos, um atendimento emergencial adequado. Enfim, tomara que haja união dos interessados para que todos, moradores e turistas possam ter o atendimento de qualidade e com eficiência merecida.Concordo que a informação correta e transparente é fundamental.

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  3. a solução é ronaldo marcatto neles

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