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Marcelo de Souza
Conselho Municipal de Mobilidade e Acessibilidade Urbana
Não seria melhor antes de se decidir sobre gastar dinheiro público com revitalização da rodoviária e/ou implantação da Zona Azul constituir um Conselho Municipal de Mobilidade e Acessibilidade Urbana para discutir aspectos ligados à Mobilidade e Acessibilidade Urbana? Não seria um fórum mais adequado?
Rodoviária - Onde está o projeto, que ninguém viu?
Será que não se deveria antes de reformar e/ou revitalizar a rodoviária reavaliar a sua localização?
Ao longo do tempo a cidade cresceu e a rodoviária foi cercada por ruas com comércio, moradias e tráfego moderado a intenso.
Hoje os ônibus, normalmente de grandes dimensões, são obrigados a passar por ruas estreitas e com tráfego já intenso.
Será que a médio prazo não será necessário a mudança de endereço da rodoviária tirando-a do núcleo central da cidade para uma de suas bordas, conectada a um minianel viário? Com essa mudança, a Praça Sesquicentenário poderia ser ampliada e o local teria um uso mais nobre.
Pergunta 1: A rodoviária está posicionada num local adequado? Será? Até quando?
Pergunta 2: A população pode ter acesso ao projeto de reforma/revitalização da praça e da rodoviária? Como?
Zona Azul - O que mostrou Plano de Mobilidade Urbana 2020
Umas das questões da pesquisa virtual realizada pela equipe da Universidade São Francisco (USF) para a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Serra Negra era exatamente sobre estacionamento rotativo.
A pergunta era: você acharia viável ter uma Zona Azul (estacionamento rotativo) nas ruas do Centro? A resposta foi negativa para 66,5% dos pesquisados.
Fonte: Produto 3 do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Serra Negra
Claro que podemos questionar os resultados dessa pesquisa e até mesmo o plano de mobilidade urbana feito às pressas, em tempos de pandemia, sem a participação efetiva da população, com poucas audiências públicas, sem um debate mais aprofundado sobre o tema. Mas a resposta da pesquisa é um dado a ser considerado.
Nas redes sociais já se observa uma movimentação significativa contrária ao estacionamento rotativo e esse é outro dado que deve ser levado em consideração.
Na enquete promovida pelo portal Viva! Serra Negra até o momento observa-se um empate técnico.
E o que sugeriu o Plano de Mobilidade Urbana 2020?
Apesar de 66,50% da população amostrada na pesquisa ter se mostrado contra o estacionamento rotativo e, mesmo sem estudos mais aprofundados, sem dados sobre a quantidade de vagas rotativas e eventuais impactos no tráfego, o Plano Municipal de Mobilidade de Serra Negra entregue à prefeitura sugere a Zona Azul.
Já havia um comentário a respeito em https://www.vivaserranegra.com/2021/06/opiniao-planospara-quem.html
As vagas vão aparecer?
A Zona Azul pode não resolver o problema de vagas na zona central e, provavelmente, terá como efeito colateral um impacto negativo na fluidez das duas principais ruas da cidade.
Em Amparo há Zona Azul e mesmo assim é difícil achar uma vaga para estacionar na sua principal rua de comércio. Em muitos estacionamentos rotativos em São Paulo também.
Portanto, parece que o problema não é a quantidade de vagas e sim a enorme e desproporcional quantidade de veículos. No modelo atual de deslocamentos a demanda é gigantesca e a oferta, parece que sempre deixará a desejar.
Com a Zona Azul é provável que a fluidez nas ruas Sete de Setembro e Cel. Pedro Penteado piore, ou seja, vamos perder mais tempo para atravessar a cidade por essas duas ruas.
Nessas duas ruas não é difícil observar que o tráfego fica interrompido quando um motorista inicia a baliza para estacionar seu veículo. Se o motorista é bom de baliza, atrapalha um pouco o tráfego, mas se o motorista não entra de primeira na vaga, pode atrapalhar muito o tráfego.
Para piorar, as vagas nas ruas centrais são menores que as habituais. A foto a seguir mostra a dimensão de uma vaga de estacionamento na Rua Coronel Pedro Penteado, em Serra Negra, e na Praça Nove de Julho, em Socorro. Em Socorro a vaga tem cerca de 1 metro a mais de comprimento e, portanto, não é difícil concluir que, por aqui é mais difícil estacionar e, portanto, pode-se levar mais tempo para estacionar, impactando o tráfego.
Nota: As medidas mostradas nas fotos acima são aproximadas. Não foi feito um levantamento das mesmas, mas a proporção das cagas deixa claro a vaga mais apertada em Serra Negra.
Por ser um estacionamento rotativo, a cada hora ou, a cada duas horas, todos os veículos estacionados na Zona Azul precisarão deixar a vaga, não simultaneamente é claro. Portanto, o tráfego será paralisado mais frequentemente.
Já em dias e horários normais a Rua Sete de Setembro e a Coronel frequentemente estão com tráfego intenso e se deslocar pelos seus 700 ou 800 metros podem consumir 10 minutos, o que corresponde a uma velocidade média de 5 km/h. Não é difícil verificar essa velocidade média em alguns trechos da Coronel e da Sete de Setembro.
“Pensar fora da caixa”
A adoção do automóvel particular como o principal meio de deslocamento no passado mostra hoje o seu preço: congestionamentos, déficit de vagas, poluição, acidentes, colisões, atropelamentos, sobrecarga dos hospitais e pronto atendimento e às vezes até violência, devido a alguma confusão no trânsito.
Até as cidades pequenas tem ruas entupidas, nas quais a velocidade média do automóvel se aproxima do humano.
Como resolver?
Resposta: pensar fora da caixa.
Acredito que é necessário mudar radicalmente o modelo de deslocamento nas cidades e adotar políticas públicas, de forma a convencer o cidadão deixar o seu automóvel na garagem de casa.
E olha que nesse aspecto o atual governo federal está até ajudando, afinal é preciso ter coragem para tirar o possante da garagem com a gasolina a R$ 7 o litro, principalmente numa cidade montanhosa, onde o carro consome muito combustível nos fortes aclives.
E ficar cinco ou dez minutos no tráfego lento da Coronel ou da Sete de Setembro também não sai barato para o bolso do motorista e para a saúde das pessoas que trabalham oito horas por dia seis dias por semana nessas ruas com tráfego mais intenso.
Se o transporte público urbano fosse realmente de qualidade e alcançasse toda a cidade, talvez o cidadão deixasse o seu carro em casa e começasse a usar o transporte público.
Voltando à pesquisa elaborado pela USF, 64% da população amostrada usa para deslocamento o carro próprio e 64% usam o carro próprio por comodidade e custo. Ou seja, o transporte coletivo aqui na cidade parece não apresentar comodidade para os serranos, que também acham mais barato usar o carro próprio. A figura a seguir mostra o resultado da pesquisa elaborada pela equipe da USF.
Fonte: Produto 3 do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Serra Negra
Não podemos esquecer o aspecto ambiental. Umas das principais fontes de polução atmosférica provém dos veículos a combustão.
Portanto, será que não está na hora de parar de adotar as soluções fáceis e lucrativas (para alguns), mas que, além de não resolver de fato o problema a que se propõe, podem ainda criar outros?
Por que não pensar em colocar em prática o principal objetivo de qualquer plano municipal de mobilidade urbana, que é priorizar o pedestre e o coletivo e não o automóvel particular?
Fonte: Produto 3 do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Serra Negra
A cidade não deveria pensar em:
⦁ Priorizar o transporte coletivo público;
⦁ Melhorar a qualidade do transporte coletivo;
⦁ Adequar a frota à demanda. Para que ônibus tão grandes circulando, quase sempre vazios, pelas ruas estreitas e íngremes da cidade? Não são viáveis micro-ônibus, vans etc?;
⦁ Transporte coletivo com ar-condicionado para suportar as altas temperaturas do “inverno” serrano;
⦁ Reavaliar o alcance das linhas de ônibus. Tem morador que para chegar até o ponto de ônibus tem que descer ou subir verdadeiras pirambeiras e, nem todos tem físico para tal. Isso sem falar da condição das calçadas, quando estas existem;
⦁ Disponibilizar aplicativo com mapa da rede de pontos de ônibus, linhas, itinerários e horários;
⦁ Efetuar um estudo de tráfego e reavaliar os sentidos das ruas de toda cidade. Existem ruas estreitas com duas mãos de direção que tornam proibitivo o estacionamento de veículos, como preconizam as leis de trânsito, junto ao meio-fio (estacionar sobre a calçada é infração grave com multa de R$ 195,23). E o órgão fiscalizador deve saber dessa deficiência já que parece não fiscalizar. É comum ver carros sobre as calçadas nos bairros;
⦁ E mesmo nas vias mais largas os veículos maiores trazem risco ao tráfego. Quem nunca passou uma fininha de um ônibus que vem na mão oposta na Rua João Gerosa?
⦁ URGENTE: Arborizar as calçadas das ruas da cidade e bairros de forma a tornar o deslocamento a pé mais agradável (ou suportável). Calçadas arborizadas apresentam temperatura até 25% inferior quando comparada às calçadas sem árvores e;
⦁ De quebra, a umidade relativa do ar também se eleva com a arborização das calçadas. Quando adotadas árvores densas e perenes a umidade relativa do ar pode se elevar de até 17% no inverno (fonte: Lucia e Juan Mascaró – Vegetaçao Urbana – Masquatro Editora – Porto Alegre, 2015), quando normalmente enfrentamos secas e em alguns locais, umidade relativa próxima da desértica;
Fonte: Lucia e Juan Mascaró – Vegetaçao Urbana – Masquatro Editora – Porto Alegre, 2015
⦁ Investir pesadamente em ciclovia e ciclofaixas; (https://www.vivaserranegra.com/2021/06/opiniao-planospara-quem.html);
⦁ Implantar ou conceder à iniciativa privada a locação de bicicletas e patinetes elétricos com bolsões espalhados pela cidade. Precisamos ampliar o leque de modais de deslocamento;
⦁ Na região central, implantar ou conceder à iniciativa privada a locação de cadeiras motorizadas para pessoas com limitação motora;
⦁ Avaliar a viabilidade de mototaxi na cidade;
⦁ Criar os bolsões de estacionamentos nas bordas do núcleo central da cidade e disponibilizar linhas de vans que circulariam pelo centro. Ideia que vem sendo proposta desde 2014 nas primeiras audiências públicas de mobilidade e acessibilidade urbana, coordenadas pelo prof. Dimas Gonçalves. O problema não é novo e as soluções também já foram discutidas em 2014/2015 e, adormecidas pelas gestões anteriores;
⦁ Reduzir ou até eliminar pelo menos nos fins de semana e feriados o número de vagas de estacionamento das duas principais ruas da cidade para dar mais espaço ao pedestre;
⦁ Se insistirem em manter vagas para estacionamento na Sete de Setembro e na Coronel, que suas dimensões sejam reavaliadas. Aqui em Serra Negra, as vagas são menores que as normalmente adotadas, como já foi falado anteriormente;
⦁ Colocar em prática o principal objetivo do plano de mobilidade e acessibilidade urbana que é priorizar o pedestre e o coletivo.
Dá para melhorar
Claro que é possível melhorar, e muito, mas são necessários estudos técnicos multidisciplinares, um olhar mais amplo da cidade, um olhar a médio e longo prazo e, uma mudança radical de como vemos a cidade. Mudança de hábitos e conceitos. Se não mudarmos alguns conceitos hoje por bem, amanhã precisaremos mudar por mal.
Os tempos são outros. O coletivo deve ser priorizado e não o indivíduo.
Infelizmente não dá para testar Zona Azul, afinal, para implantar tem um custo e o dinheiro público não está sobrando. Provavelmente será uma atividade comercial terceirizada com um contrato de médio prazo.
Infelizmente, recentemente se perdeu uma grande oportunidade de debater de verdade e com maior profundidade a mobilidade e acessibilidade urbana em Serra Negra.
Marcelo de Souza
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Além da questão da mobilidade urbana e da sua vital importância para a qualidade de vida da cidade, não seria o caso de se realizar uma ou várias audiências públicas para que a população interessada pude conhecer em detalhes o projeto integral de revitalização da Praça Sesquecentenário, em vez de se apresentar um prato feito para desconhecidas intervenções no mais importante logradouro do município?
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