//CRÔNICA// Está tudo certo, mas alguma coisa está errada



Carlos Motta


Quinta-feira que vem, 3 de junho, é feriado, Corpus Christi. É de se esperar que Serra Negra receba uma infinidade de visitantes, a julgar pelo movimento dos últimos fins de semana. Ótimo para os empresários locais, muito preocupante para a saúde dos serranos.

O povo está cansado de ficar em casa - quando digo o povo, me refiro a uma parcela da classe média que ainda tem alguma sobra no orçamento.

Durante meses esse pessoal esteve meio que recolhido, com medo da covid-19. 

Com o passar do tempo a paciência foi se esgotando.

Junte a isso os sinais que as nossas autoridades dão todos os dias de que a pandemia, se não está no fim, ao menos permite que as pessoas levem uma vida quase normal.

Acrescente a vacinação em passo de tartaruga, o descumprimento dos protocolos sanitários básicos - usar máscaras, manter distanciamento, lavar as mãos - por grande parcela da população.

E pronto - a receita para que a contaminação cresça, tendo como consequência mais mortes, mais pressão sobre o já pressionado sistema público de saúde, está completa.

Maio tem sido o pior mês da pandemia para Serra Negra. Se os casos não bateram o recorde, que permanece com março, o número de mortes, 16 até ontem (26), já é superior ao de todos os outros meses.

Desde o início da pandemia até agora, 2.152 pessoas, cerca de 7,5% dos serranos, contraíram a doença. 

É muita gente para uma cidade pequena como a nossa.

Algo está errado, muito errado, para que Serra Negra tenha esses números.

Afinal, por aqui não há metrô nem trens circulando, os ônibus vão e vem de seus destinos com pouca gente, não temos grandes indústrias, o comércio e setor de serviços juram de pés juntos que cumprem os protocolos sanitários, a prefeitura diz que fiscaliza o cumprimento dessas regras...

Só que...

É como se costuma dizer: os números não mentem.

E se eles não mentem, alguém está mentindo por eles.

Comentários

  1. 2.152 pessoas.
    2152 casos confirmados.
    E os assintomáticos que não foram testados?
    E os assintomáticos que podem estar chegando à cidade nos finais de semana e feriados?
    Infelizmente, talvez só o numero de óbitos traduzam mais ou menos a dura realidade.
    Pois é, está tudo certo tirando tudo o que está errado.
    Três meses atrás, exatamente no dia 26/02/2021, o número de óbitos era 23 contra 1152 casos confirmados, ou seja, em quase um ano de pandemia, a cada 1000 acometidos pelo covid19, 20 perderam a vida.
    Ontem, 26/05/2021, com 2.152 casos confirmados observa-se 67 óbitos. Portanto, só nos últimos três meses, os 1000 novos casos confirmados subtraíram a vida de 44 pessoas. Neste período de aproximadamente três meses, para cada 1000 casos confirmados, 44 vidas se foram.
    Praticamente em três meses se perdeu quase o dobro de vidas do que em quase todo um ano (cerca de 11 meses para ser mais preciso).
    E ninguém fala nada. Ninguém interpreta de forma mais detalhada estes números que a prefeitura disponibiliza diariamente.
    A SITUAÇÃO NÃO ESTÁ MAIS DELICADA HOJE?
    A SITUAÇÃO NÃO ESTÁ MAIS INSEGURA HOJE?
    O RISCO DE CONTAMINAÇÃO NÃO É MAIOR HOJE?
    A SITUAÇÃO ESTÁ SOB CONTROLE HOJE?
    COMO ESTÁ A DISPONIBILIDADE DOS LEITOS DE UTI? RESPIRADORES? SEDATIVOS? DEMAIS INSUMOS?
    A SITUAÇÃO ESTÁ MELHOR HOJE DO QUE HÁ ALGUNS MESES ATRÁS?
    NÃO SERIA NECESSÁRIO REAVALIAR A TAL FLEXIBILIZAÇÃO?
    Com a palavra, as autoridades: prefeito, secretários e vossas excelências senhores vereadores.

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