//ANÁLISE// Casa de vidro

                                                                                                                                                         

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta



Em viagem ao interior da Bahia, onde foi “inaugurar” 20 km de uma rodovia inacabada, Bolsonaro revelou irritação com a “ameaça” Lula, com a instalação da CPI da Covid e com recentes revelações de diálogos comprometedores de integrantes do Escritório do Crime.

Perguntado sobre a foto na qual aparece sorrindo ao lado de uma placa onde se lia “CPF cancelado”, expressão usada por milicianos e demais classes de matadores, Bolsonaro usou o recurso habitual.

“Não tem o que perguntar, não? Deixa de ser idiota”, respondeu com toda a educação bolsonarista.

Não é a primeira vez e não será a última que o genocida recorre a grosserias para não responder perguntas de jornalistas. Mas o episódio coincide com a revelação do site The Intercept, no final de semana, de diálogos telefônicos captados pelo Ministério Público.

As conversas indicam que após a morte do ex-PM Adriano Nóbrega, apontado como integrante do Escritório do Crime, seus comparsas teriam procurado um homem “da casa de vidro” para pedir ajuda.

O MP diz tratar-se de Bolsonaro. A “casa de vidro” seria uma referência à fachada do Palácio da Alvorada. No relatório há menção de um tal de “Jair” e “HNI (PRESIDENTE), o que seria a sigla de Homem Não Identificado.

As investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro foram paradas porque ela não tem poderes para investigar um presidente. Mas as evidências de envolvimento de Bolsonaro com a milícia e suas mortes se fortalecem. Queiroz que o diga.

Não é de se estranhar, portanto, o “cancelamento de CPF”, o palavreado e o comportamento de Bolsonaro. Chamar jornalista de idiota, mandá-la calar a boca ou perguntar “para sua mãe” são reveladores de sua identidade profissional.

Casa de vidro é fácil de quebrar. Basta querer.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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