//NOTAS SERRANAS// Prefeitura prepara estudo para instalar UTI no Hospital Santa Rosa de Lima



A prefeitura deve encaminhar ao governo do Estado de São Paulo, no início do próximo ano, um estudo técnico para a instalação de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Santa Rosa de Lima. A proposta deve prever que o governo do Estado invista na infraestrutura e instalação de equipamentos sofisticados (eletrocardiógrafos, ventiladores mecânicos e bombas de infusão) para monitorização contínua dos pacientes. A prefeitura arcaria com a manutenção de cerca de dez leitos de UTI, a um custo mensal em torno de R$ 3 mil cada. A verba viria dos repasses que o município e o Estado fazem ao SUS, além de recursos do Orçamento municipal. A informação foi dada pelo secretário municipal de Saúde, Ricardo Minosso, na reunião do Conselho de Saúde, realizada na terça-feira, 25 de novembro.

Prejuízo de meio milhão

Apesar de estar finalizando a proposta sobre a instalação de uma UTI em Serra Negra, Ricardo Minosso faz ressalvas financeiras ao investimento. Do ponto de vista numérico, os estudos preliminares indicam que a cidade deverá arcar com um custo mensal de cerca de R$ 500 mil, calcula o secretário. O problema seria a baixa ocupação dos leitos por munícipes, estimada por ele em menos de dois leitos por mês. A UTI da cidade teria de entrar no cadastro da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (CROSS), que regula os leitos de hospitais paulistas, e seria utilizada por pacientes de todo o Estado. “Teremos de tirar desse dinheiro de algum lugar por mês para atender em sua grande maioria munícipes não de Serra Negra”, explicou Minosso. Apesar do prejuízo estimado, o secretário vai apresentar o projeto ao governo de São Paulo.

Gestão equivocada



Os problemas no atendimento do Pronto-Socorro municipal são decorrentes da gestão adotada pela prefeitura, avalia um médico da cidade que trabalhou por anos no Hospital Santa Rosa de Lima. Ele procurou a reportagem do Viva! Serra Negra depois da publicação da entrevista com o Secretário Municipal de Saúde, Ricardo Minosso (aqui). “O secretário parece se sentir alheio ao problema, sendo que as debilidades do hospital foram causadas pela forma como a prefeitura orienta e exige o seu funcionamento”, disse o médico, que pediu anonimato. As condutas das equipes médicas e de enfermagem estão corretas, na sua opinião. “O problema é como a administração do hospital, ou seja, a prefeitura, decidiu conduzir a gestão”, acrescentou.

Fuga de bons profissionais

O médico reconhece que há deficiência na formação dos profissionais da área da saúde. “Esse é um problema nacional e político, da mesma forma como é o declínio na educação de forma geral nos últimos anos”, afirmou. O hospital, na sua avaliação, tinha equipes médicas muito competentes até a intervenção da prefeitura na sua administração. “Eles foram saindo desestimulados e preocupados com os rumos pouco técnicos assumidos e os recursos mal geridos”, observou.

"Saúde não é favor"



O Viva! Serra Negra se colocou à disposição dos vereadores para se posicionarem a respeito da entrevista concedida pelo secretário municipal da Saúde, Ricardo Minosso, sobre os casos de denúncia de negligência nos atendimentos do Pronto-Socorro. Até o fechamento desta coluna, apenas a vereadora Ana Bárbara Magaldi se pronunciou. “Saúde não é favor, é dever constitucional, e por isso não aceito que se tente reduzir o papel do Legislativo a uma mera contagem de números em contratos”, afirmou. Ela avalia que fiscalizar vai além de checar o número de partos previstos. Fiscalizar, segundo a vereadora, é “garantir atendimento seguro, digno e respaldado por protocolos adequados”. A vereadora ressaltou que respeita o sigilo médico, mas que não confunde sigilo com silêncio diante de falhas.

Mais transparência

Ana Bárbara salientou ainda que vem agindo de forma enérgica, como exige a população, cobrando por mais transparência, pedindo relatórios técnicos e exigindo indicadores de qualidade. “Quando há óbitos apontados como consequência de negligência, não basta dizer que houve intercorrência ou que existem boletins de ocorrência. BO não substitui prontuário, não substitui auditoria clínica, não substitui comitês de mortalidade”, disse. Exigir acesso institucional a esses relatórios e encaminhar indícios ao Ministério Público e aos órgãos de controle caso seja necessário, avalia, é responsabilidade dos vereadores. O vereador Ricardo Fioravanti disse que vai falar com a reportagem sobre o assunto na segunda-feira, 1º de dezembro.

Reajuste no repasse


A prefeitura deve encaminhar à Câmara Municipal, no máximo em 15 dias, um projeto de lei reajustando o valor dos recursos repassados mensamente para a manutenção do Pronto-Socorro municipal. O secretário da Saúde, Ricardo Minosso, ainda não sabe estimar em quanto será reajustada a subvenção mensal de R$ 890 mil. Ele informou que está em negociação com a direção da Associação Santa Casa de Misericórdia de Serra Negra, mantenedora da instituição. A prefeitura pretende manter a estrutura de serviços. “Precisa ser um valor que seja cabível para eles e para o município”, afirmou.

Décimo terceiro salário

A Câmara Municipal deve votar, em sua próxima sessão, projeto de lei do Executivo que autoriza repasse de mais R$ 285 mil ao subsídio que concede à Associação Santa Casa de Misericórdia de Serra Negra, mantenedora do Hospital Santa Rosa de Lima. A verba servirá para, segundo o projeto, pagar o 13º salário e o FGTS dos funcionários. 

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