//ANÁLISE// Tirar do pobre para dar ao paupérrimo

                                          


Fernando Pesciotta


Ainda não se sabe de onde o governo vai tirar dinheiro para sustentar o programa que substituirá o Bolsa Família.

Como não há recursos no Orçamento para a aventura eleitoreira, Jair Bolsonaro terá de tomar medidas impopulares.

Dará uma banana para as regras de gastos, atraindo a ira do mercado financeiro de dos empresários que o apoiam, ou vai atacar benefícios pagos à população de baixa renda.

Entre pegar dinheiro de ricos ou de pobres, não fica muita dúvida sobre a decisão a ser tomada.

Por isso, como revela o Estadão, a medida só será anunciada após as eleições municipais. A ordem, diz um assessor presidencial, é ficar “quietinho” porque a negociação agora pode atrapalhar a estratégia de “varrer o PT” do Nordeste.

Depois de levantar a possibilidade de elevar impostos da baixa renda, agora o governo sugere cortar o auxílio-doença e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

Paralelamente, o governo busca brechas para ter um Orçamento de “guerra” em 2021. Com isso, poderia ter espaço para aumentar gastos.

Com tudo isso, o dinheiro continua indo embora. A saída de investidores estrangeiros deve dobrar neste ano. E a entrada de recursos será a metade do verificado no ano passado.

Mentiroso

A imprensa revela que o desembargador Kassio Nunes Marques foi indicado ao STF numa articulação de Flávio Bolsonaro com Frederick Wassef, advogado da família.

Se e quando tomar posse, Kassio será o responsável pela análise do caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro.

E Kassio já se mostrou enturmado com o bolsonarismo. Assim como vários ministros, ele mentiu em seu currículo acadêmico. Inclui uma pós-graduação que foi negada pela Universidad de La Coruña.

Outro motivo de questionamento é o fato de o currículo indicar que Kassio fez doutorado após dois pós-doutorados. A senadores, ele alegou que a prática é possível na Europa.

Eduardo Bolsonaro está sendo acusado de liderar o esquema de distribuição de fake news com o propósito de atacar o STF. A investigação está a cargo da PF.

Ministros, desembargadores amigos, advogados, filhos e o presidente da República estão envolvidos em mentiras e fake news. Não preciso comentar.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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