//OPINIÃO// Que tal ensinar turismo para as crianças de Serra Negra?


Ana Carolina Angeli e Guilherme Bim

Serra Negra é uma cidade turística. Está inserida no Circuito das Águas Paulista junto com as cidades de Águas de Lindoia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira e Socorro. A cidade é naturalmente bonita e desejada por muitos turistas do Brasil e do exterior. É reconhecida por ser uma estância hidromineral, rodeada pelo verde da Serra da Mantiqueira, próxima à capital de São Paulo, seu café é valorizado e digno de prêmios, apresenta uma infraestrutura turística de respeito: hotéis, pousadas, centro de convenções, comércio diversificado , bares, restaurantes, lanchonetes, espaços públicos, além de uma agenda de eventos fortalecida e outros tantos atrativos.

A pandemia chegou. Juntamente com ela, todas as incertezas do que acontecerá no futuro. Diferente do que muitas pessoas imaginam, o covid-19 (novo coronavírus), não irá embora no dia 31 de dezembro de 2020. É preciso aprender a conviver e entender os novos desafios individuais e coletivos. Há uma crise na área da saúde, na economia, na política, na educação, na sociedade e Serra Negra, que vive do turismo, se pergunta: como será a relação entre o turista e o morador local? Estaremos de braços abertos e prontos para praticar a hospitalidade? A sociedade local está segura dessa retomada? 

A resposta ainda é incerta. É preciso aproveitar o momento para planejar, traçar novas estratégias, abrir discussões entre os setores público e privado, ouvir novas ideias, envolver a sociedade. As pesquisas de especialistas em turismo apontam que a tendência do pós-pandemia serão as viagens regionais, ou seja, o turista vai escolher viagens a locais que sejam próximos de sua residência. E então surge outra dúvida: como será o turismo em Serra Negra no pós-pandemia? Mas convidamos vocês a refletirem de uma outra forma: como queremos o turismo em Serra Negra no pós-pandemia? 

A educação para o turismo é uma solução viável que a médio e longo prazo poderá contribuir para o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental da cidade. Muitas cidades já adotam em seus currículos escolares o turismo como tema transversal, em aulas práticas e pesquisas de campo, transformando os alunos em possíveis embaixadores do turismo nas cidades. 

O desenvolvimento e o progresso do turismo passam pela formação dos moradores, fazendo com que a cidade entenda, respeite e tenha uma relação hospitaleira com o turista. O turismo não está apenas relacionado com história e geografia, mas numa relação coletiva entre o setor público, setor privado e a sociedade. Fazer e praticar turismo é pensar na relação com o outro, na diversidade, na sustentabilidade, no lazer, na cidadania e no trabalho. 

A educação para o turismo não deve apenas qualificar para o “saber fazer”, mas proporcionar discussões acerca de um tema relevante para a retomada econômica da cidade. 
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Ana Carolina Angeli é tecnóloga em hotelaria e mestre em hospitalidade;
Guilherme Bim é bacharel em turismo e licenciado em história e ciências sociais.
Eles são professores dos cursos Técnico em Eventos e Técnico em Turismo Receptivo da Etec João Belarmino, em Amparo.

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