//FERNANDO PESCIOTTA// Cuidados ao olhar para a violência



Relator da ADPF das Favelas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a preservação integral das provas relacionadas à ação policial que matou 121 pessoas no Rio de Janeiro na semana passada e impôs a concessão do acesso às informações à Defensoria Pública do Estado(ADPF é a Arguição de Descumprimento de Preceito Constitucional, ferramenta jurídica que garante a proteção dos valores da Constituição, como direitos individuais e cláusulas pétreas)

Moraes ainda determinou a realização de audiência pública no STF com órgãos oficiais, entidades da sociedade civil e pesquisadores para debater a operação que tem sido explorada politicamente pela extrema-direita.

A iniciativa do ministro poderá dar transparência aos métodos, objetivos reais e resultados alcançados pela polícia do Rio de Janeiro, colocando racionalidade num debate marcado por falsas narrativas e apelo emocional.

O discurso fácil e palatável de combate ao banditismo é acompanhado de sensacionalismo barato para designar um suposto combate ao crime organizado.

Em se tratando do governo de Cláudio de Castro, fica muito difícil acreditar em boas intenções. Suas ligações com as milícias e a instrumentalização de organizações de extrema-direita impõem a necessidade de uma melhor análise, o que talvez seja possível na audiência pública no STF.

Castro e a cúpula da “segurança” do Estado adotam uma terminologia própria dos extremistas em vários países, como “narcoterroristas” e “guerra”, o que pode significar que se trata de uma ação coordenada com a extrema-direita global.

Para Gabriel Feltran, brasileiro diretor do centro de pesquisas da França e sociólogo do crime, a narrativa da “faxina” fomenta um projeto totalitário da extrema-direita.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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