//FERNANDO PESCIOTTA// Queda das mortes e a lição de casa



Em uma temática que deve ter grande influência no processo eleitoral de 2026, o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra avanços, mas também evidencia que a sociedade brasileira ainda tem doenças graves para curar.

O Brasil teve 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, seguindo tendência de queda dos assassinatos que ocorre desde 2018.

O resultado de 2024 é o menor da série histórica iniciada em 2011 e representa queda de 5% em relação a 2023.

Mas aqui começam as adversativas. A violência contra a mulher continua em níveis alarmantes, com recorde de feminicídios. Com alta de 0,7% ante 2023, foram 1.492 vítimas, o maior da série iniciada em 2015.

O agravante é que 63,6% das mortes foram de mulheres negras, 70,5% delas com idade entre 18 e 44 anos.

Segundo o documento, ocorre um estupro a cada seis minutos no País, envolvendo especialmente mulheres de baixa renda, em geral abusadas por pessoas do ambiente familiar.

São Paulo na Contramão – O anuário também mostra que as polícias matam menos no País, mas essas mortes dispararam em São Paulo. Em todo o Brasil, foram 6.243 vítimas, 2,6% menos do que em 2023, numa taxa de 2,9 para cada 100 mil habitantes. No Estado de São Paulo, porém, sob Tarcísio de Freitas, as 813 mortes representam alta de 61% ante os 504 casos de 2023.

Para especialistas, a atual gestão deu vários passos para trás.

Nunca é demais lembrar que o secretário de Segurança Pública do Estado foi afastado da Rota, a facção mais letal da Polícia Militar, por excesso de violência.

Ou seja, é opção do governador deixar um elemento desse no comando da segurança do Estado.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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