//SALETE SILVA// Plano de Mobilidade decepciona e prevê Zona Azul



Nem população nem vereadores compareceram às audiências públicas para discutir o Plano de Mobilidade Urbana de Serra Negra. A primeira audiência, no dia 12 de junho, quinta-feira, na Câmara Municipal, contou com uma plateia de cerca de dez pessoas e dois vereadores, Renato Giachetto (União Brasil) e Anna Beatriz Scachetti (Republicanos). Nenhum vereador compareceu à segunda audiência, no dia 13 de junho, sexta-feira. 

O diagnóstico e as propostas apresentadas pela empresa Líder Engenharia e Gestão de Cidades, contratada pela prefeitura para realizar o Plano de Mobilidade Urbana de Serra Negra, decepcionaram técnicos e munícipes presentes.

A única proposta da consultoria para a solução de vagas de estacionamento para veículos é a criação do estacionamento rotativo, ou seja, a Zona Azul, para o qual não há um consenso na cidade. Parte da população, em especial comerciantes, é contrária a essa alternativa, criando um impasse político para o Legislativo. 

O estudo confirmou o que as reportagens do Viva! Serra Negra têm mostrado nos últimos anos: calçadas em especial de áreas mais distantes do centro da cidade estão em má conservação e fora dos padrões de dimensionamento com trechos inferior a 1,90 metro. 

A consultoria propôs a criação de uma cartilha de calçadas, além da readequação das calçados, maior rigidez na fiscalização e de um estudo de impacto de vizinhança para grandes empreendimentos, para saber as consequências da obra no sistema viário.

Vários pontos do diagnóstico apresentado pela arquiteta e urbanista Luana Rodrigues Israel, consultora da Líder Engenharia e Gestão de Cidades, foram criticados por munícipes e técnicos presentes. 

A principal crítica foi em relação ao critério utilizado para analisar o fluxo de pedestres e veículos nas ruas, que priorizou dias da semana, nos quais praticamente não há turistas na cidade.

A pesquisa, realizada in loco em novembro de 2024, considerou apenas um feriado do ano, o de 15 de novembro, fora da alta temporada, quando o fluxo de pessoas circulando praticamente dobra na cidade.

Para técnicos presentes, esse critério prejudicou a análise e a formulação de propostas do Plano de Mobilidade para problemas como trânsito, falta de estacionamento e circulação de pedestres no município, uma vez que o diagnóstico praticamente ignorou o movimento nos principais feriados no início da temporada e férias de julho.

Outra crítica foi em relação à priorização da área central no diagnóstico, excluindo vias nos bairros que fazem ligações de áreas no município e que apresentam sérios problemas de trânsito e mobilidade, como a Rua Armando Argentini.  

A geógrafa Marilena Griensinger se manifestou decepcionada com o diagnóstico e as propostas apresentadas pela empresa de consultoria. Ela citou a falta de alternativas para a maior oferta de estacionamentos. Marilena sugeriu a criação de bolsões de estacionamentos públicos. Faltaram propostas concretas para ciclovias e incentivo para uso de transportes alternativos. 

Sugestões de munícipes podem ser enviados para a empresa pelos e-mails planmob@liderengenharia.eng.br e jade@liderengenharia.eng.br.  

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra

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