//CARLOS MOTTA// Serra Negra é a pior cidade da região para se viver, segundo o IPS



Serra Negra é a pior cidade para se viver entre as nove que compõem o Circuito das Águas Paulista, segundo o Índice de Progresso Social (IPS), uma metodologia que avalia a qualidade de vida da população no Brasil de forma multidimensional. O IPS de 2025, divulgado na semana passada, avalia se as pessoas têm o necessário para prosperar, indo além de métricas tradicionais e paradigmas econômicos, e permite comparar municípios, Estados e regiões.

Na edição passada, Serra Negra obteve a nota 62,80 numa escala de 0 a 100, ficando na 955º posição entre os 5.570 municípios brasileiros, e em penúltimo lugar no Circuito das Águas Paulista, na frente apenas de Monte Alegre do Sul. Nesta edição, a cidade obteve 63,52 pontos, ficando na 877ª colocação no Brasil, mas foi superada pelos outros municípios da região.

Jaguariúna continua sendo a melhor cidade para se viver no Circuito das Águas Paulista de acordo com o IPS de 2025 (69,49 pontos, 17ª no Brasil), seguida por Lindoia (68,94 pontos, 23ª no Brasil), Amparo (66,40, 202ª), Pedreira (66,11, 250ª), Holambra (65,91, 274ª), Monte Alegre do Sul (65,0, 467ª), Águas de Lindoia (64,66, 553ª), Socorro (63,95, 736º) e Serra Negra, em último lugar.

Além de cair uma posição no ranking regional, Serra Negra também viu a renda per capita de seus moradores diminuir de um ano para o outro. Em 2024, ela era de R$ 28.477, e em 2025, de R$ 27.532. Para efeito de comparação, a renda per capita de Jaguariúna de acordo com o IPS de 2025 é de R$ 227.882 e a de Amparo, R$ 74.740.

Nesta edição, o Brasil apresentou a pontuação 72,35 no IPS Global, ocupando a 55ª posição no ranking entre 170 países. Na edição passada, obteve 68,90 pontos, ficando na 67ª posição global. Na América do Sul, Chile (79,49), Uruguai (79,26) e Argentina (76,85) foram os países com as melhores pontuações. Em termos globais, Noruega (91,95), Dinamarca (91,65) e Finlândia (91,28) apresentaram o melhor desempenho no progresso social.

O relatório deste ano mostra que apesar de avanços graduais, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira permanecem grandes e desiguais no país. 

Pelo segundo ano consecutivo, o pequeno município paulista de Gavião Peixoto recebeu a melhor classificação do Brasil com a nota de 73,26. A segunda colocação ficou com Gabriel Monteiro (SP), seguido de Jundiaí (SP). Dos dez municípios mais bem colocados, sete são paulistas.

O IPS também avalia o desempenho médio dos Estados brasileiros. São Paulo, Santa Catarina e Paraná foram os mais bem colocados. Na outra ponta, Pará, Maranhão e Amapá apresentaram os piores resultados, evidenciando as desigualdades estruturais e históricas da Amazônia Legal.

Como funciona  

O IPS é composto por dados socioambientais e de resultado, ou seja, não mede a quantidade de infraestrutura ou recurso investido em um município, mas sim se essa infraestrutura ou esse recurso estão trazendo resultados para as pessoas. Além disso, o IPS usa dados públicos recentes e que sejam disponíveis para todos os municípios do Brasil. O IPS responde a 12 perguntas orientadoras. 

O Índice de Progresso Social Brasil, desenvolvido por meio da metodologia do Social Progress Imperativeé uma ferramenta de gestão territorial que identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar, desde necessidades básicas como abrigo, alimentação e segurança, até se possuem acesso à informação e comunicação, e se são tratadas igualmente, independentemente de gênero, raça ou orientação.

Em nível global, desde 2013 o Social Progress Imperative, em colaboração entre a Fundación Avina, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Harvard Business School, divulga o IPS Global, que analisa o desempenho dos países em termos de progresso social.

O IPS Brasil 2025 é composto por 57 indicadores secundários de fontes públicas que são exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos. Essas variáveis foram agregadas em um índice geral, com nota de 0 a 100, e índices para três dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades) e 12 componentes (Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, Água e Saneamento, Moradia, Segurança Pessoal, Acesso ao Conhecimento Básico, Acesso à Informação e Comunicação, Saúde e Bem-estar, Qualidade do Meio Ambiente, Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolha, Inclusão Social e Acesso à Educação Superior).

O IPS Brasil pode ser acessado aqui.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra

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