//SALETE SILVA// Mobilização popular vai fazer governador recuar, dizem deputados



O debate público contra o projeto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que prevê a instalação do sistema free flow de cobrança automática de pedágios no Estado de São Paulo, com 37 praças no Circuito das Águas Paulista ,contou com a participação de seis deputados estaduais, dos quais três do PT, dois do PSOL e um do Republicanos.

O consenso entre os deputados é de que a mobilização popular, com manifestações na rua e eventos, como o debate público realizado em Serra Negra, em 15 de maio, são a melhor forma de pressão para que o governador Tarcísio de Freitas volte atrás na decisão de instalar pedágios na região.

Mas a maioria deles avalia que a sociedade deve permanecer alerta contra um processo de privatização do Estado pelo atual governo, que vai prejudicar a população com o aumento do custo de vida e deterioração da qualidade dos serviços públicos em diversas áreas, incluindo transportes e educação.

Único deputado da base do governador na Assembleia Legislativa participante do debate, Vitor Rodrigues, o Vitão do Cachorrão (Republicanos), elogiou a atuação do governador, mas disse que vai lutar não só contra a instalação dos pedágios no Circuito das Águas como em todo o Estado de São Paulo. 

“Sendo amigo do governador, disse a ele que tem feito bom trabalho com a construção de habitação, reforma de escola, e que votei tudo a favor, mas nisso [pedágios] vai prejudicar o povo”, afirmou. Vitão lembrou que os mais prejudicados serão os trabalhadores, como caminhoneiros, motoristas de aplicativos e estudantes.

O deputado Paulo Reis (PT) destacou a importância da mobilização popular. “A sociedade mobilizada vai fazer o governador recuar, com certeza”, afirmou. Ele fez duras críticas à privatização das rodovias como também de outros setores do Estado.

“Essa é uma lógica predatória, criando 118 pedágios que podem chegar a 120 ou 130, no Estado que já conta com 370”, afirmou, se referindo aos planos de Tarcísio de acelerar as privatizações em São Paulo. Reis lembrou que o sistema free flow de cobrança automática foi criado pelo próprio Tarcísio quando ocupava o cargo de ministro de Infraestrutura do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Como ministro, Tarcísio criou e encaminhou o Projeto de Lei 14.157 para ser aprovado. Com a aprovação, o sistema free flow foi incorporado ao Código de Trânsito e esse modelo de cobrança foi instituído no país.

O deputado Carlos Giannazi (PSOL) chamou os planos de concessão das rodovias à iniciativa privada de “privataria dos pedágios”, uma referência às denúncias feitas ao processo de privatização do Estado iniciado nos governos do PSDB em São Paulo. Para Gianazzi, Tarcísio está dando sequência a um processo de privatização iniciado pelos tucanos e os pedágios são só mais um dos setores que serão entregues à iniciativa privada.

Criadora da Frente Parlamentar Contra os Pedágios da região de Piracicaba, integrada por deputados, vereadores e representantes da sociedade civil, a deputada Professora Bebel (PT) citou a luta popular na região como exemplo de que Tarcísio de Freitas só voltará atrás se houver pressão da sociedade. “Fizemos faixas, manifestações, até o governador se pronunciar.” Ela lembrou ainda de sua luta contra a instalação de pedágios, iniciada pelo ex-governador João Dória (PSDB).

O deputado Guilherme Cortez (PSOL) lembrou que o governo do Estado de São Paulo dispõe de recursos suficientes para arcar com os investimentos e melhorias de rodovias. “Não faltam recursos para investimentos em estradas, aprovamos um Orçamento bilionário”, lembrou. Ele criticou ainda outras privatizações em especial a da Sabesp, que transformou em negócio lucrativo a água, bem essencial para a sobrevivência dos paulistas.

“Menos de um ano após a privatização da Sabesp, a conta está subindo para o consumidor e eles querem aumentar agora os salários dos acionistas”, afirmou. Ele lembrou que para aprovar projeto popular são necessários 48 deputados contra os pedágios na Assembleia Legislativa. Por enquanto, são apenas 26. Cortez pediu aos vereadores que cobrem posicionamento de seus deputados. Ao final, Cortez foi aplaudido e apoiado com gritos de “fora, Tarcísio” da plateia.

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