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O Brasil é um país de profundas desigualdades por causa das muitas décadas de prevalência do autoritarismo e do domínio dos ricos sobre os pobres. A ausência de políticas públicas era intencionalmente voltada a manter uma pequena camada de privilegiados e uma massa de miseráveis.
Romper com esse padrão dos trópicos é mexer num enorme vespeiro. É o que timidamente começaram a fazer os governos pós-ditadura e acelerou a gestão Lula a partir de 2003. Na década passada, porém, Lula ainda contava com apoios importantes das massas, como os sindicatos, hoje raquíticos. O cenário é mais difícil agora.
Esta semana está sendo pródiga para dar clareza a essa conclusão. Nos últimos dias, há um turbilhão de críticas ao governo porque cometeu a “sandice” de incluir o aumento da isenção do Imposto de Renda, que favorece 16 milhões de pessoas, num pacote de corte de gastos.
Analistas do mercado financeiro, com amplo espaço nas mídias, não escondem o quão injustos gostam de ser ao criticarem abertamente e textualmente a manutenção de gatilho do salário mínimo, o que ajuda outros milhões de brasileiros.
Enquanto Lula chorava ao falar dos moradores de favela, que contarão com um programa do governo para urbanização dessas comunidades (foto), o mercado financeiro ria de tanto ganhar dinheiro com a especulação cambial.
“Vocês não serão mais invisíveis. Nós estaremos enxergando vocês”, disse Lula, entre lágrimas, aos moradores de favelas. Nós nunca fomos invisíveis e vamos continuar fazendo-os chorar, respondeu o mercado.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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