//FERNANDO PESCIOTTA// Lula e o tiro no pé



Cumprindo agenda no interior da Bahia, o presidente Lula disse que não tem de prestar contas a nenhum ricaço ou banqueiro, mas ao povo pobre e trabalhador.

Lula pode ter razão, assim como está certo em muita coisa que tem falado sobre o mercado financeiro. Por exemplo, considera que o presidente do Banco Central deveria estar alinhado com o desejo do povo expresso nas urnas. Ou seja, deveria considerar os objetivos do governo eleito.

Mas se quer de fato prestar contas ao povo pobre e trabalhador, deveria entender que repetir as críticas que tem feito ao BC não ajuda.

A mensagem que Lula tem passado não chega ao povo pobre e trabalhador, ela fica parada no mercado financeiro, que a aproveita para especular com o dólar. Essa alta, por sua vez, vai pesar na gasolina e em vários outros produtos cotados em dólar, impactando o custo de vida do povo pobre e trabalhador.

O ministro da Fazenda e até analistas alinhados com o governo concordam que a estratégia é um tiro no pé. Fernando Haddad considera que o governo precisa comunicar melhor os bons indicadores econômicos e dialogar de forma mais produtiva com os agentes do mercado financeiro. Sintetiza que o dólar alto demais é fruto de “ruídos”.

Porém, é bem provável que Lula não lhe dê ouvidos. Ainda na Bahia, ele não poupou elogios ao ministro Rui Costa, filho da terra, ex-governador, e por isso Lula tenha caprichado nos adjetivos, mas Costa age contra a agenda econômica.

Enquanto parte da esquerda achar que dólar e mercado financeiro são alienígenas, que não dizem respeito à vida do mais pobre, estará trabalhando para a volta da extrema-direita.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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