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Em evento organizado pelo Goldman Sachs, o diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, se sentiu em casa. Afinal, como integrante da conservadora Insper e executivo do mercado financeiro, ele estava entre os seus.
Nada como se sentir em casa para trocar os pés pelas mãos. Entusiasmado, ele disse que o nível das expectativas de inflação está “desancorado” (acima da meta) por muito tempo, o que cria um “farol apontando para o lado errado”.
Traduzindo, o que Guillen insinuou é que os juros podem não cair como desejam os setores produtivos. Isso por que seus colegas de mercado financeiro, os mesmos que sempre agem com má vontade em relação a governos de esquerda, estão dizendo há várias semanas que a inflação de 2025 deverá ficar em 3,5%.
Para Guillen, isso é um perigo, pois a meta é 3%. Ele só não falou que o próprio BC trabalha com um intervalo de um e meio ponto que permite concluir que 3,5% não é nenhum bicho-papão. Além disso, a política monetária não é exatamente da sua conta.
Ao fazer ameaças públicas, Guillen mexeu no mercado financeiro, e ele sabe que uma declaração dessa afeta bilhões. A Bolsa, que não deixa de ser um instrumento de poupança de milhões de pessoas, subia e passou a cair, fechando em queda de 0,43%.
Para além de movimentos do mercado financeiro, declarações assim conturbam o ambiente e dificultam a tarefa de um governo que tenta reinventar um Brasil destruído pelo bolsonarismo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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