//SALETE SILVA// Serviço público de saúde mental de Serra Negra está em transição, diz secretário



O serviço público de saúde mental em Serra Negra está em transição, com a substituição de especialistas em diagnóstico e acompanhamento de pacientes com desordens mentais, como depressão, ansiedade, esquizofrenia, entre outros, por profissionais terceirizados ou aprovados em concurso e, para os familiares de pacientes, com menos experiência nessa área.

“Não vou avaliar o serviço do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), mas o da saúde mental em geral na cidade. Está em uma fase de transição: saída e entrada de profissionais”, disse Ricardo Minosso, secretário municipal de Saúde.

A rede de atendimento de saúde mental perdeu este ano três profissionais concursados, entre os quais, um médico psiquiatra que atendia no CAPS. “Ele pediu para sair. Estamos buscando a contratação de novos psiquiatras”, informou.

Boa parte dos serviços oferecidos na área de saúde mental, entre os quais as oficinas terapêuticas, foi suspensa durante a pandemia de covid-19. Apesar da retomada das atividades neste ano, o atendimento ainda não retornou ao ritmo anterior à pandemia e a substituição de profissionais concursados vem sendo feita também por meio do credenciamento de autônomos e terceirização dos serviços.

O secretário informou que as contratações de psicólogos e assistentes sociais no CAPS vem sendo realizada nos formatos concursados e terceirizados. Pelo menos dois dos três psicólogos que se afastaram por aposentadoria deverão ser substituídos por profissionais aprovados no concurso realizado em 2022.

Familiares de pacientes manifestaram ao Viva! Serra Negra preocupação com essa rotatividade de profissionais que impacta no tratamento dos pacientes, em especial devido à perda dos vínculos afetivos com os médicos.

Além disso, alguns profissionais recém-contratados, eles observam, não têm o mesmo conhecimento e experiência com as patologias referentes às desordens mentais, o que dificulta a condução do acompanhamento dos pacientes.

Os familiares reclamaram da falta de acesso às autoridades da área da saúde e responsáveis por saúde mental para expor o problema e buscar soluções. Sem ter a quem recorrer, informaram que chegaram a procurar a presidenta do Fundo Social de Solidariedade, Deborah Chedid, para pedir intervenção, mas não obtiveram resposta às solicitações.

Os familiares explicaram ainda que não só médicos e psicólogos devem ter experiência no trato com esses pacientes diferenciados, que podem sofrer surtos a qualquer momento. Enfermeiros e até faxineiros precisam ter noção de como contribuir nos momentos de crise. Pelo menos dois dos funcionários que atuam na área de limpeza e como auxiliar de serviço no CAPS são do Programa Frente de Trabalho, sem nenhuma vivência em ambientes psiquiátricos.

O secretário reconheceu o impacto da troca de funcionários e o risco da quebra de vínculos essenciais para o acompanhamento desses casos.  “Saúde mental é um serviço diferenciado, mas há coisas que fogem ao nosso controle”, afirmou.

O secretário informou que vem tomando as providências para estabilizar a situação e tem obtido alguns êxitos, como convencer um dos profissionais experientes a continuar no cargo por mais algum tempo. Além disso, está direcionando especial atenção para a contratação de psiquiatras para o CAPS e a rede de atendimento à saúde mental do município. 

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra



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