//FERNANDO PESCIOTTA// Água privatizada e o fim do livro



A ideia de privatizar a Sabesp foi bem-recebida pelo mercado financeiro, óbvio, mas o modelo apresentado pelo governador de extrema-direita deixa muitas brechas e motiva queixas mesmo de analistas do mercado.

Tarcísio de Freitas prevê a venda com oferta subsequente de ações.

Traduzindo para o português, uma empresa que já tem ações à venda na Bolsa de Valores amplia a oferta com papéis do acionista majoritário. O Estado, portanto, colocará suas ações à disposição do investidor.

Poderá haver um novo acionista majoritário, mesmo que as ações fiquem pulverizadas.

Para analistas de bancos, há problemas. Os do Citi, por exemplo, não sabem como será a negociação com cada um dos 375 municípios que têm contrato de concessão com a Sabesp, incluindo Serra Negra.

Outros analistas acham até que cada município precisa dar o aval para a operação de venda da empresa. Os prefeitos têm de se mexer, para não ficarem reféns de um empresário que pode pressionar tarifas, tratá-los mal, ignorá-los.

No mesmo dia em que o governo da Suécia anunciou que a adoção de livros didáticos digitais foi um grande erro e voltou atrás, Tarcísio anunciou o fim dos livros didáticos impressos a partir da 6ª série. Vai adotar apenas a versão digital.

O secretário de Educação, Renato Feder é empresário da área de tecnologia, fundador da Elgin e ex-CEO da Multilaser. Tem cheiro de corrupção no ar.

Ao mesmo tempo em que se reafirma um extremista e patrocina a execução de pessoas pela PM, a grande ambição de Tarcísio o faz querer se mostrar um liberal aliado do mercado financeiro, de olho em 2026.

Em todos os casos, Tarcísio deixa claro que, para ele, vale tudo.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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