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Foto: José Cruz/Agência Brasil |
Em 42 anos de jornalismo, não me lembro de haver em algum anúncio de plano econômico do governo uma dissintonia entre a imprensa e o mercado financeiro como agora.
Em geral, os veículos de comunicação reagem conforme a música tocada pelos investidores, de forma a retratar o pessimismo ou a euforia predominante e estar alinhada com o capital, de quem depende.
Desta vez, porém, os jornais estão cheios de senões, mas os investidores parecem aplaudir, ao menos num primeiro momento, o plano do governo Lula para a regra fiscal – a Bolsa subiu 1,89%, o dólar caiu 0,72% e os juros futuros flutuaram nas taxas mínimas.
O anúncio do arcabouço fiscal ainda teve o mérito de ofuscar no noticiário a volta do genocida.
Mesmo entre economistas há sinais de boa vontade, embora com ressalvas. Até o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse ver “boa vontade muito grande” do Ministério da Fazenda em fazer uma regra fiscal robusta.
Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren Brasil, avalia que a regra é “boa”. O avanço do gasto limitado, com regra pautada pela receita, “confere devida flexibilidade ao arcabouço, que nasce crível e produzirá bons efeitos na curva de dívida/PIB”.
O plano do governo pressupõe aumento da arrecadação, e os editores dos jornais acham isso impossível. O ministro Fernando Haddad responde que vai elevar a receita sem criar impostos. Conta com a reforma tributária e a apresentação, na próxima semana, de um pacote para arrecadar de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões até o fim do ano de setores pouco taxados ou não regulados, além do crescimento da economia.
Outra vantagem da proposta do governo é que os investimentos sociais, as chamadas despesas primárias, estão preservados fora da nova regra.
Os investimentos em educação, especificamente no Fundeb, destinado à educação básica nos municípios, ficarão fora do limite de gastos porque já preveem vinculação constitucional.
O plano, finalmente, é coerente com a proposta de Lula na campanha eleitoral.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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