//MARCELO DE SOUZA// Alto da Serra: será que estamos no rumo certo?



Em outubro de 2021 o debate nas redes sociais sobre o Alto da Serra focou apenas o asfalto ou no máximo o tipo de pavimento. Ficaram de lado aspectos da ocupação, do uso do solo, da exploração da área e outros mais técnicos e ambientais.

O uso e a ocupação da montanha sem uma avaliação mais detalhada poderão a médio e longo prazo provocar impactos negativos a ela e à vizinhança verdadeiramente mais intensos e significativos do que a “impermeabilização” de uma via que corresponde a menos de 1% da área territorial de todo Alto da Serra. 

Já havia comentado algo em www.vivaserranegra.com/2021/11/clique-e-vote-prefeitura-deve-deixar.html .

Não houve debate de fato e sobraram argumentos sem o aprofundamento de ideias e conceitos e até afirmações equivocadas, como por exemplo, de que o custo do pavimento com bloquetes é até 80% mais barato que o pavimento asfáltico (ver www.vivaserranegra.com/2021/12/meio-ambiente-preco-faz-prefeitura.html).

O debate voltou agora (julho de 2022) depois de discussão rápida e muito superficial dos vereadores no Legislativo serrano em 27 de junho. 

Ainda estamos esquecendo algumas variáveis que precisam entrar no debate. 

As nascentes irão secar por causa do asfalto?

Devido ao asfalto de uma via de aproximadamente 1 quilômetro, provavelmente não. 

Mas se existe a preocupação sobre as nascentes, elas talvez devessem ser identificadas, documentadas e monitoradas. Caso contrário, não haverá registros no futuro para qualquer avaliação. 

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente deveria olhar para as nascentes e efetuar esses registros e monitoramentos, contando ou não com o auxílio de voluntários, munícipes e ambientalistas.

Erosão nos trechos de elevada declividade 

Sem um pavimento adequado e principalmente sem um sistema de recolhimento e encaminhamento adequado das águas de chuva, o impacto provocado pela erosão é significativo e deve ser levado em consideração nesse debate. 

Escoamento nos trechos de elevada declividade 

Em vias de elevada declividade, qualquer que seja o tipo de pavimento ou mesmo sem pavimento, o escoamento superficial é significativo e pode prevalecer sobre a infiltração. Também já havia algo no artigo citado acima.

A infiltração também depende do material do subleito do pavimento. Se o subleito for de material pouco permeável, não adianta o pavimento ser mais “permeável”, porque o escoamento superficial prevalecerá. 

Portanto, o tipo de pavimento deve seguir aspectos de segurança, de eficiência, de conforto, de custos de implantação e custos para manutenção.

Normalmente esses dois tipos de revestimento, asfáltico e bloquetes, apresentam aproximadamente o mesmo custo de implantação. 

Porém, bloquetes costumam ser mais caros nas vias de maior declividade pois exigem, além da drenagem superficial, uma drenagem subsuperficial mais eficiente e um número maior de travamentos transversais para minimizar o risco de serem carregados pelas águas. 

Por outro lado, bloquetes apresentam um visual mais simpático para um espaço de montanha e também, emissividade e efusividade térmica ligeiramente mais gentis com o ambiente (esquentam um pouco menos).  

Exemplo de asfalto: dentro do Parque Estadual da Cantareira (São Paulo, SP) 

O Núcleo Pedra Grande do Parque Estadual da Cantareira é cortado por uma estradinha com pavimento asfáltico de cerca de 6,6 quilômetros de extensão, desde a portaria até a Pedra Grande. Mas só é acessada por visitantes a pé. Veículos por lá, somente os do parque para manutenção. Importante: não entram veículos particulares.

A foto a seguir, obtida no Google Earth é de um trecho da estradinha que leva a Pedra Grande, dentro do Parque Estadual da Cantareira. Notar que ao logo da estradinha há bancos (de madeira), bicas de água, algumas trilhas que cortam as matas, como a do Bugio, cuja entrada está à direita na foto. 


A próxima foto, também do Google Earth mostra o asfalto chegando literalmente até a Pedra Grande, e a vista da cidade de São Paulo no horizonte superior esquerdo.


Exemplo de asfalto: dentro do Parque Estadual do Jaraguá (São Paulo, SP) 

A estrada Turística do Jaraguá em aproximadamente 4,5 quilômetros de extensão em asfalto.



Exemplo de pavimento rígido: Parque Nacional da Serra da Bocaina (SP/RJ) 

O acesso ao topo da montanha que dá acesso à Pedra da Macela recebeu pavimento rígido (concreto armado), que é “impermeável”. Não sei qual é a condição do pavimento atualmente. 

Os visitantes sobem a pé. É proibido a entrada ou estacionamento de veículos particulares. Por lá, só veículos para manutenção das antenas. 


(Fonte: www.icmbio.gov.br/parnaserradabocaina)

Velocidade dos veículos: “dois coelhos com uma única cajadada.”

Se no projeto de drenagem forem adotados sarjetões, associados ou não a lombadas, para recolher e encaminhar adequadamente as águas de chuva, eles também serviriam de um obstáculo físico, obrigando a redução de velocidade dos veículos. 

Traçado geométrico da via: “mais coelhos”

O traçado geométrico da via deveria ser estudado e se possível alterado de forma a reduzir as longas retas de elevada declividade por um traçado geométrico mais orgânico, pouco mais sinuoso e que converse mais com a natureza e o entorno. Não se sabe nem se é possível, mas mereceria um estudo em função da importância da montanha para a cidade e região.

Precisaria haver uma avalição técnica e uma avaliação ambiental séria para se chegar num ponto ótimo, minimizando impactos e prevendo serviços de regeneração de áreas eventualmente já afetadas ou que vierem a ser afetadas, temporariamente ou não.

Um traçado geométrico mais orgânico ajuda no ordenamento das águas pluviais e também naturalmente reduz a velocidade dos veículos, tornaria o trajeto mais agradável, mais seguro, mais acolhedor e valorizaria o passeio, a montanha e a região.

Fauna local

A adoção de passagens subterrâneas e as passagens aéreas obviamente podem favorecer e proteger a fauna. 

O estudo que serviu para definir a quantidade e a posição das passagens da fauna deveria ser apresentado. Existe um conhecimento qualitativo e quantitativo da fauna local? 

De qualquer forma as travessias de animais mostram um avanço no “projeto original do asfaltamento falado em outubro de 2021”, que só citava inicialmente o asfalto e um mirante de vidro.

Além de realmente importantes para a fauna, passa a imagem de que o município se preocupa com o meio ambiente e com a fauna local. 

Se será que preocupa mesmo? E nas outras estradas?

Vidro

Devem ser evitadas estruturas de vidro, que sabemos que oferecem risco elevado de colisão aos pássaros, causando dor e morte. Se pensam realmente nos animais, tais estruturas devem ser proibidas.

Melhorias no projeto 

De qualquer forma, se falar em travessias para animais, em reservatório de água para combater eventuais incêndios e de não impermeabilizar o platô horizontal existente no alto da montanha, são três avanços no projeto original.

Esse avanço parece que só ocorreu após um grupo de munícipes se manifestar contrário ao asfalto nas redes sociais, acionar o Ministério Público e, após este recomendar, conforme publicado no Diário Oficial de Serra Negra em 31 de janeiro de 2022, nº 791. 

Até então só de falava do asfalto e mirante de vidro. 

Infelizmente, parece que se o munícipe quiser ser ouvido pelo Executivo e/ou pelo Legislativo, precisa do MP como interlocutor. Fazer protocolos na prefeitura, questionar no “e-ouve”, postar nas redes sociais ou falar com vereador não resolve. 

Então, se quer respostas, ”pergunta lá no MP”. 

Essa melhoria do projeto mostra, de certa forma, uma vitória do grupo que questionou o projeto original e buscou o MP. 

Isso deve servir de incentivo ao debate, ao questionamento, ao confronto de ideias e principalmente para mostrar que a prefeitura sempre pode melhorar seus projetos ouvindo a população, ou o MP, como preferir. 

Custo por causa de inflação

Na 21ª sessão da Câmara Municipal, realizada em 27 de junho de 2022 se falou que o custo das obras do Alto da Serra, que era estimado em algo em torno de R$ 2,5 milhões em outubro de 2021, deverá aumentar devido à inflação. Faltou e falta especificar quais obras. Não se tem acesso aos projetos, memoriais, planilhas de serviços e custos etc. Portanto, falar em reajuste ou aumento é relativo.

Infelizmente, o dragão da inflação voltou, parte devido à crise climática, que está só começando, parte devido à crise sanitária que ainda não terminou, parte devido à guerra na Ucrânia, que ainda não terminou, e parte devido ao atual desgoverno federal, que ainda também não terminou. 

Mas, fora a inflação, acredito que o aumento dos custos se deve também às melhorias implementadas no projeto e aos novos equipamentos não previstos inicialmente, como por exemplo, as travessias de animais, a tal caixa d'água e talvez um custo adicional para a adoção de bloquetes em vez do asfalto. 

Como sempre seria bom mais transparência. O projeto original deveria ter sido disponibilizado naquele momento em outubro de 2021 e agora, o novo projeto também, não em gabinetes para meia dúzia de pessoas, não em grupos de WhatsApp, e sim, no mínimo no site oficial da prefeitura.

Cetesb, Sabesp e a tal caixa d'água no topo da montanha

Na mesma sessão do Legislativo citada anteriormente, falou-se sobre a necessidade de um reservatório de água no topo da montanha, aparentemente para ajudar no combate de um eventual incêndio provocado por bitucas de cigarro, por exemplo. 

Provavelmente, a preocupação com o combate a incêndios e essa caixa d'água não estavam previstos no projeto original e, nesse caso, também deverá elevar os custos, não só com a caixa propriamente dita, mas de toda a rede de abastecimento, caso essa água seja fornecida pela Sabesp e tenha que subir o morro e da rede de distribuição para alimentar hidrantes. 

Será que a caixa d'água servirá também para abastecer o comércio local?

Legislativo serrano

Nessa mesma sessão do Legislativo ficou a impressão que a prioridade dos vereadores é saber se o futuro mirante tem nome para, se não tiver, dar um nome a uma estrutura que ainda nem foi construída e da qual nem se conhece o projeto. No máximo foi lembrada a eventual interferência com as atividades do clube de voo.

A preocupação com o local e vizinhanças, e se o uso que estão imaginando é adequado ou não, parece não importar muito para os vereadores. 

E o risco à fauna em outras estradas?

Fica uma questão que deve ser colocada para reflexão: e a proteção e segurança da fauna nas estradas municipais asfaltadas ou mesmo nas estradas municipais de terra?

Quem anda pelas estradas municipais, como por exemplo, a estrada que vai para o Bairro da Serra, vê com frequência veículos trafegando com velocidade acima do que seria segura e adequada para aquela via. 

Parece que os animais, silvestres ou domésticos, e até mesmo os humanos que atravessam ou caminham na beira das estradas municipais, normalmente sinuosas e sem acostamento, todos estão expostos a risco maior de atropelamento do que os que transitam no acesso ao topo do Alto da Serra. 

Esse risco só tende a piorar com o crescimento sem planejamento das cidades e com eventuais recapeamentos. 

Sim, prefeituras de modo geral incentivam o crescimento urbano sem estudos e adoram recapear, mas esquecem que a estrada continua sinuosa, sem acostamento, sem espaço para pedestres e/ou ciclistas, às vezes com mato alto nas beiradas, com numerosas entradas e saídas de propriedades rurais, algumas intersecções em nível, deficiência na sinalização vertical e horizontal, ausência de radares etc. 

Normalmente nenhuma adequação ou melhoria é feita no viário. Só o recapeamento. 

Somente com a melhoria do revestimento asfáltico, a pista vira um “tapete”, corre-se mais e, consequentemente, corre-se mais risco também de acidentes. 

As estradas municipais precisam ser modernizadas, adequadas e melhoradas. No mínimo é indispensável implementar acostamentos adequado. Hoje, pedestres, ciclistas e animais, silvestres ou domesticados, correm risco de atropelamento.

Participação popular

De qualquer forma o assunto Alto da Serra não foi tratado como deveria pelo Executivo e pelo Legislativo. Tantos outros temas também foram e são conduzidos da mesma forma. Sem transparência e sem diálogo.

O projeto original deveria ter sido apresentado aos munícipes lá em outubro de 2021 e agora esta nova versão, completa e detalhada, também deveria estar disponível para consulta no site da prefeitura. 

Executivo e Legislativo deveriam capitanear debates e ouvir mais a população, mesmo que fossem só “uns quatro ou cinco”. Talvez de uma série de 99 ideias inúteis apareça uma, quem sabe, revolucionária. 

E vivemos um momento da história da humanidade e também das cidades em que são necessárias novas ideias, ideias revolucionárias, para quem sabe mudar o rumo do desenvolvimento urbano e humano. 

Faltou, como sempre parece faltar por aqui, transparência, informações e diálogo. 

Grupo de WhatsApp

Informações públicas deveriam ser amplamente compartilhadas e não ficarem restritas a grupos de WhatsApp. 

Todo munícipe deveria ter acesso às informações. Todos querem conhecer em detalhes o projeto do alto da serra, da reforma das praças, parque e todas as outras intervenções na cidade.

Informação não deveria ser privilégio de vereador ou de grupos de WhatsApp de vereador.

A falta de diálogo é tanta que secretário não responde à população e não responde a vereador e, portanto, repito, parece que para se ter uma resposta ou uma informação, um vereador precisa fazer um requerimento, como o fez. E o munícipe que não tenha seus requerimentos respondidos, precisa perguntar lá no MP.

E-Ouve

Cabe comentar que até a ouvidoria parece não existir: o E-Ouve não responde a todos os pedidos de informações. 

Existe uma ouvidoria da ouvidoria? Se existir, me avisem.

Repito: o asfalto não é o problema do Alto da Serra

O problema não é o pavimento. O problema é o tipo de uso, de ocupação e de exploração.

Me parece que em Serra Negra o uso é quase sempre abusivo, do solo e dos recursos. 

Basta olhar o passado e tudo o que foi derrubado para plantar café e, depois toda a exploração das águas. Hoje existem fontes secando ou sendo ressuscitadas artificialmente com poços e tubos.

Ou olhar o presente mesmo, quando se busca nova identidade para a cidade que já foi da saúde. Ou será que ainda é da saúde?

Chega a ser irracional. Explora-se até o esgotamento e, depois, busca-se outras fontes (perdão pelo trocadilho). 

As fontes (recursos) são infinitas?

Repito: o asfalto não é o problema do Alto da Serra

O crescimento da cidade sem planejamento é um grande problema. E frequentemente assistimos Executivo e Legislativo ampliando o perímetro urbano sem os estudos necessários, sem a realização de audiências públicas, sem um plano diretor atualizado, sem o plano de saneamento básico atualizado etc.

Até quando a cidade vai suportar a ampliação do perímetro urbano para loteamentos com lotes pequenos nas áreas onde a vocação é para chácaras? Até quando a cidade vai suportar taxas de ocupação de 60%, taxas de impermeabilização de até 70% e coeficientes de aproveitamento iguais a três nessas áreas com vocação para chácaras? Até quanto admitir recuos frontais de dois ou de quatro metros? 

Os negócios parecem prevalecer sempre, e meio ambiente e qualidade de vida parecem não ser prioridades.

Opinião: A montanha deveria ser considerada o fim e não o meio

O Alto da Serra não deveria ser encarado apenas como um ponto turístico e muito menos ser usado como uma praça de alimentação, bares e estacionamento. 

Qualquer projeto ou intervenção no local deveria ser avaliado com um olhar mais abrangente e diversificado e não tão pontual, como por exemplo, somente pavimentar o acesso existente ou encher o topo da montanha com contêineres. 

Na montanha se deveria investir no turismo em que a principal atrativo fosse a montanha. 

Deveria se estudar um modelo de parque municipal com múltiplas atividades e objetivos, incluindo o voo livre, claro, mas sempre priorizando a natureza, a preservação, a educação ambiental, a contemplação, a montanha. 

Por que não estudar e implantar circuito de trilhas para caminhadas nas encostas e entorno, promover a observação de pássaros, da fauna local, mirantes em pontos notáveis das trilhas, não de aço e vidro, mas de materiais naturais (pedras, madeiras, bambu etc), trilhas específicas para “mountain bike” ligando pontos turísticos da cidade e até chegando na acolhedora e pacata Monte Alegre do Sul, que preservou nas fachadas de suas edificações um pouco de história.

Nos finais de semana e feriados, automóveis e motocicletas deveriam ser impedidos de acessar o alto da montanha. A prioridade deveria ser a montanha, a paisagem, a natureza, o humano, os animais, a vista, o vento, o silêncio. 

Deveria se pensar em uma opção de meio de transporte mais adequado para levar os visitantes até o alto, um veículo silencioso e não poluente. Nada de motores queimando combustível fóssil, fazendo barulho e eventualmente soltando fumaça e pingando óleo. 

Deveria ser preservada e priorizada a natureza, a paisagem, o céu, preservado o silêncio na maior parte do tempo para se ouvir os ventos e quem sabe, a voz do silêncio. 

O melhor e mais importante atrativo turístico de Serra Negra e região é a natureza, são as montanhas, a vegetação e as águas. 

Mas parece que se investe demais em fontes artificiais, poços artesianos, reservatórios de inox, transposição de córregos, gradis, obeliscos, recapeamentos, réplicas, estátuas, bares, contêineres, e investe-se de menos na natureza, nas montanhas, na preservação, na restauração de matas, na restauração e proteção de nascentes, na restauração e preservação das cabeceiras dos córregos, nos córregos e ribeirões, na proteção dos solos, na arborização das ruas do Centro e dos bairros, nas calçadas, nas questões de mobilidade e na qualidade de vida e na saúde dos munícipes.

Se Serra Negra cuidar de verdade da cidade, dos bairros, das suas montanhas, águas, das matas e do munícipe, não precisa de skyglass, estátuas de artistas, obeliscos, conchas acústicas, mirantes de vidro etc. 

Basta cuidar de verdade da cidade e da natureza que sempre vai ter gente querendo vir andar por aqui, respirar por aqui, olhar o céu por aqui, voar por aqui, pedalar por aqui, caminhar por aqui, viver por aqui e, de quebra, usufruir da hospitalidade, do comércio e da gastronomia local. 

Essa postura mais amigável com o meio ambiente e com a vida, até casa melhor com o slogan da “cidade da saúde” que agora também quer viver, sentir e amar.

Essa aparente obsessão de ser uma cidade diferenciada, “melhor” que as vizinhas e atrair mais turistas custe o que custar, está trazendo alguns problemas. Ruas lotadas de carros, sistema viário desorganizado, sem planejamento, com congestionamento, ruas estreitas, problemas graves de mobilidade, problemas graves de acessibilidade, falta de vagas para estacionar, sem árvores, aquecimento local (ilhas de calor), pedestres se acotovelando nas calçadas estreitas, pessoas sofrendo quedas nas calçadas irregulares, ônibus estacionados em locais inapropriados, automóveis estacionados sobre as calçadas, as montanhas escondidas atrás de edifícios, poluição visual, poluição sonora, poluição do ar e das águas, aumento do custo de vida. Está ficando caro viver por aqui.

E parece que, todo o faturamento da exploração do turismo, como por exemplo a injeção de sei lá quantos milhões em um único mês, resultado do Festival de Inverno, chega timidamente no bolso dos trabalhadores que sustentam esse negócio. Trabalham incansavelmente, normalmente folgando apenas um dia por semana e, apenas um domingo livre por mês. Algo assim já havia sido comentado em www.vivaserranegra.com/2022/07/carlos-motta-estamos-todos-felizes.html .

Deveríamos também pensar na análise do serra-negrense Nestor Souza Leme que compara Serra Negra a uma sucursal do Brás. (www.vivaserranegra.com/2022/03/cidade-leitores-apontam-causas-da.html )

E precisamos lembrar, de novo, da pergunta feita pelo Alcebíades Felix: “Existe algum plano para a proteção dos nossos mananciais?” (livro "Alcebíades disse e a história confirma")

E eu pergunto: Será que estamos no rumo certo?

As fotos a seguir foram feitas na manhã da terça-feira dia 26 de julho, um dia sem movimento. Será mesmo que o problema é o asfalto? Nessa data encontramos lacres de latas de alumínio, tampinhas de plástico, garrafas plásticas, sachês plásticos, restos de bexigas, muitas bitucas de cigarro, copos plásticos, guardanapos de papel, gramado visivelmente sofrendo com a sobrecarga da visitação intensiva etc.



E no trecho da estrada de acesso, saídas de água lançando água na encosta, apesar de se observar a preocupação de tentar barrá-la com montes de terra que são levados quando das chuvas. Observa-se também diversos taludes sem proteção superficial e sem drenagem de águas pluviais.

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Marcelo de Souza é engenheiro civil


Comentários

  1. Parabéns pela matéria, excelente!!! Em Serra Negra procuro natureza, como vc falou a montanha, o vento...céu estrelado...Fiquei chocada com as imagens de resíduos deixados no Alto da Serra...numa época que devemos pensar em preservar os recursos naturais...com certeza dá para conciliar a questão econômica com a questão ambiental...pode dar trabalho...mas vale muito, pois o pensamento imediatista é ilusório, e lá na frente vem uma alta cobrança .

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