//MEIO AMBIENTE// Preço faz prefeitura descartar uso de bloquetes no Alto da Serra

 


A prefeitura de Serra Negra descartou a pavimentação do trecho de estrada que vai até o Alto da Serra com pisos intervalados de concreto, conhecidos como bloquetes. Essa solução, ambientalmente recomendável por escoar de forma eficiente a água da chuva para os lençóis freáticos, custaria 50% mais aos cofres municipais e excederia o orçamento destinado às obras de asfaltamento na cidade.

A informação foi dada aos vereadores pelo presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, na sessão de segunda-feira, 29 de novembro.  

“Todos somos a favor dos bloquetes, mas eles são infinitamente mais caros”, disse. Ele calcula que a opção mais sustentável e que atenderia às reivindicações de parte da população serrana, em especial os profissionais da área ambiental, elevaria o valor da obra em R$ 1 milhão. “A prefeitura não tem esse dinheiro disponível no caixa e, se não pegar esse convênio este ano e não direcionar para o Alto da Serra, terá de direcionar para outro lugar, exatamente esse valor e essa quantidade de asfalto.”

O presidente da Câmara não informou, no entanto, qual será o valor total do investimento nas obras, nem qual é a procedência dos recursos que serão usados no asfaltamento do Alto da Serra. Ney informou na sessão da Câmara que a verba, proveniente das esferas estadual e municipal, é carimbada, ou seja, não pode ser transferida para outra finalidade.

Procurado pela reportagem do Viva! Serra Negra, o secretário de Turismo e Desenvolvimento de Serra Negra, Carlos Tavares, explicou que não serão usados recursos provenientes do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur). As obras anteriores de revitalização do Alto da Serra foram realizadas com verba repassada por esse órgão, que transfere recursos diretos a serviços voltados para o desenvolvimento do turismo das estâncias.

O secretário informou que a prefeitura utilizará recursos próprios na obra de asfaltamento do Alto da Serra, mas também não soube informar o valor do investimento. Tavares solicitou à reportagem que procurasse a Secretaria de Obras Infraestrutura/Meio Ambiente.

O Viva! Serra Negra solicitou informações à assessoria de imprensa da prefeitura e ao chefe de Gabinete, Rodrigo Dematte Angeli, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem.

Há três meses, quando anunciou o investimento de R$ 30 milhões na cidade, dos quais R$ 15 milhões destinados a asfaltamento, o prefeito Elmir Chedid citou o Alto da Serra entre as mais de 50 ruas não asfaltadas que serão beneficiadas pelo programa.

Em vídeo divulgado nas redes sociais da prefeitura, no dia 1º de setembro, Chedid afirmou que os R$ 30 milhões destinados a obras que pretende realizar nos próximos 30 meses são uma soma de recursos próprios do município, verbas transferidas a Serra Negra pelos governos estadual e federal e provenientes de financiamentos contraídos na Caixa Econômica Federal (CEF). 

Polêmica

O asfaltamento do Alto da Serra foi tema de discussão na Câmara Municipal. O vereador da oposição Roberto de Almeida (Republicanos) solicitou ao presidente da Câmara que o prefeito reveja a decisão de asfaltamento do Alto da Serra e considere a possibilidade de usar os bloquetes. 

Ele argumentou que o uso de bloquetes é recomendado pelos profissionais da área ambiental, além de aprovado pela população mais preocupada com o meio ambiente e atende às expectativas de parte da população que aprova o asfaltamento da área.

O vereador informou ainda que aguarda resposta do Executivo para o requerimento sobre estudo de impacto ambiental do asfaltamento do Alto da Serra, enviado ao Executivo por ele e as vereadoras Anna Beatriz Scachetti (PSD) e Viviani Carraro (Avante).

A voluntária do Projeto Observando os Rios, do SOS Mata Atlântica, Iza Carvalho, pós-graduada em recuperação de áreas degradadas, publicou em suas redes sociais uma comparação entre o custo dos bloquetes e o asfaltamento.

O metro quadrado do bloquete custaria R$ 60, diante de R$ 350 do asfalto. A mão de obra e a instalação, porém, admitiu Iza, encarecem o investimento. "Mas estão colocando muito empecilho para justificar o asfalto", lamentou.  




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