//FERNANDO PESCIOTTA// Consignado e a exploração da pobreza



Falta apenas a sanção presidencial para a entrada em vigor do empréstimo consignado no Bolsa Família rebatizado de Auxílio Brasil.

O empréstimo consignado é uma forma de levar recursos à baixa renda com garantia de pagamento dada ao banco, pois os recursos estão vinculados à aposentadoria e pensões, na maior parte dos casos.

No Auxílio Brasil, o tomador pode pedir o dinheiro emprestado ao banco e o pagamento será feito automaticamente quando o dinheiro for liberado pelo governo.

As condições para o tomador, porém, são péssimas. Trata-se de uma absurda exploração da pobreza. Os juros podem chegar a 98% ao ano!!!

O beneficiário poderá comprometer até 40% do que receberia do governo. Há o risco de o dinheiro público será totalmente desviado para o sistema bancário, sem nem chegar às mãos do beneficiário.

O Idec lembra, ainda, que as famílias que recorrerem ao consignado podem ficar nas mãos de financeiras, que cobram taxas de juros de até 1.000% ao ano.

Acrescente-se o fato de que o aumento da digitalização bancária e do acesso ao sistema financeiro multiplicaram os casos de fraude no consignado.

No Estado de São Paulo, o número de ações passou de 2,2 mil em 2019 para 5,9 mil em 2021 e só no primeiro semestre deste ano já são 5,8 mil. No Procon-SP, as reclamações subiram de 2,5 mil em 2019 para 8,3 mil no ano passado e no primeiro semestre já foram 2,6 mil.

Os espertalhões, com significativa ajuda do governo bolsonarista, estão roubando os pobres.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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