//FERNANDO PESCIOTTA// País dos estupros



Nunca se viu tanta vítima desse crime hediondo e já defendido publicamente por Bolsonaro.

“Jamais ia estuprar você que você não merece”, disse à deputada Maria do Rosário, na Câmara, diante de centenas de testemunhas. O vídeo está disponível na internet a quem tiver estômago.

Os números são assustadores. No ano passado, o Brasil registrou 56.098 casos contra mulheres, um a cada dez minutos. E 35,7 mil menores de 13 anos foram vítimas do mesmo crime.

Os casos recentes tangibilizam a normalização absolutamente indesejada, com uma reação covarde da extrema-direita, que alia suposto conservadorismo com desumanidade ao tratar das consequências do estupro.

Desses casos recentes de repercussão na mídia, o primeiro foi da menina de dez anos que uma juíza tentou evitar que ela interrompesse a gravidez provocada pelo estupro.

Depois veio a atriz, golpeada ao ser vítima de estupro e violentada nas redes sociais por encaminhar, de forma madura e dentro da lei, o bebê para um programa de adoção. Ela ainda foi vítima de tortura psicológica no hospital e teve sua intimidade vazada pela enfermeira.

Agora surge o caso de outra criança, no litoral paulista. Depois de tomar coragem e se cansar dos 11 anos como vítima de estupro de seu pai, o denunciou à mãe. O pai foi preso.

Somente a denúncia pode cortar esse cordão sem fim. Mulheres e crianças não merecem e não podem continuar expostas a uma brutalidade que muita gente finge que não vê e que não sabe.

A ausência do Estado (onde está a Damares, o Ministério da Mulher, para tratar do assunto?) e o discurso odioso e de violência são agravantes que somente a eleição pode resolver.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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