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Há alguns anos, me debrucei sobre a análise de como dois acidentes aéreos tão traumatizantes causaram impactos diferentes na opinião pública e desgastaram de forma desigual a imagem das companhias aéreas e das autoridades de segurança de voo.
O avião da Gol que caiu no norte do País, após praticamente ser abalroado por um jatinho norte-americano, teve suas primeiras imagens reveladas dias após o registro de seu desaparecimento das telas dos controladores de voo. Ficou praticamente apenas no imaginário das pessoas.
Até que equipes de resgate e profissionais de mídia chegassem ao local, o acidente estava quase digerido.
O avião da TAM que se espatifou ao lado do aeroporto de Congonhas, porém, causou um impacto gigantesco. Foi visto praticamente ao vivo. A explosão se repetiu na tela da TV a cada segundo, o fogo consumindo prédios, o avião e vidas chocou o mundo.
O número de vítimas dos dois acidentes se equivaleu, mas o caso da TAM ficou marcado na retina e na emoção de milhões de pessoas.
É mais ou menos como o velho dito popular: o que os olhos não veem, o coração não sente.
Lembrei disso ao analisar o que pode estar acontecendo na Amazônia, a partir do noticiário sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
Infelizmente, precisou que dois profissionais com poder midiático desaparecessem para o Brasil despertar para a selvageria que o homem está provocando na Amazônia.
Ver a mochila amarrada dentro da água, as roupas e botas no mato e o sangue na lona de certa forma causa o impacto do avião da TAM.
Chocante é assistir o chefe de Estado brasileiro, sem nenhuma empatia, lamentar que os dois defensores dos índios e da floresta se “aventuraram” naquela região. É o reconhecimento acomodado da ausência do Estado, naturalizando mortes e ações predatórias.
É a mesma ausência do Estado no Rio de Janeiro, controlado pela milícia tão amada pelo chefe de Estado e tão próxima dele.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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