//FERNANDO PESCIOTTA// Independência do BC, pero no mucho



A inflação subiu em todo o mundo. É verdade, mas isso não deve servir de alívio nem de justificativa para o Brasil, onde o índice é mais elevado e onde até os agentes do mercado financeiro questionam a eficácia do Banco Central.

Nunca é demais lembrar os números: a inflação da cesta básica acumulada em 12 meses foi de 13% em fevereiro para 21% em março, ante média geral de 11,30%. A comida do brasileiro é a mais cara em 32 anos.

Nesse ritmo, de nada vai adiantar o pacote de bondades do governo. A liberação de recursos do Fundo de Garantia, que acrescenta 0,6 ponto porcentual no PIB, com o IPCA em 7,9% ao ano, segundo as estimativas otimistas, será derretida.

Por princípio, o Banco Central é a autoridade monetária do País. Cabe a ele adotar políticas de combate à inflação. Resumidamente, no mundo capitalista isso significa elevar a taxa de juros de forma a inibir o consumo e, com isso, a menor procura forçará a queda dos preços.

Esse instrumento pode ter algum efeito no médio e longo prazo, mas a lógica não tem funcionado por uma série de fatores. Analistas consideram que o BC reage sem demonstrar previsibilidade para a alta de preços.

Em outras palavras, o BC tem se revelado sempre surpreso com o índice de inflação porque suas previsões são otimistas, fora da realidade.

Ou seja, o BC está sendo incompetente. A despeito da independência constitucional conquistada recentemente, a gestão do BC se revela aflita em se alinhar ao governo Bolsonaro.

A independência do BC, como ocorre em outros países, visa permitir que a autoridade monetária trabalhe sem ser influenciada pelos interesses do governo de plantão, mas no Brasil isso não está servindo para impedir que o presidente do BC seja um puxa saco do genocida, provocando sérios danos à sociedade, especialmente aos mais pobres.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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