//CULTURA// O serrano e cidadão do mundo Dalmo de Abreu Dallari morre aos 90 anos

 

Dalmo de Abreu Dallari: "Serra Negra foi fundamental na minha história de vida"


Um dos mais renomados juristas do Brasil, conhecido internacionalmente, o professor Dalmo de Abreu Dallari, faleceu nesta sexta-feira, 8 de abril, aos 90 anos de idade. Dallari nasceu, estudou e passou a infância e parte da adolescência em Serra Negra. 

Mudou-se para a capital paulista e lá se formou em direito pela USP, em 1957. Foi aprovado, em 1963, no concurso para livre-docente da disciplina Teoria Geral do Estado, na própria USP, e no ano seguinte passou a integrar o corpo docente da universidade. 

Nunca abandonou a vida acadêmica, embora a tenha dividido com inúmeras outras atividades: foi membro do Conselho Universitário e da Comissão de Legislação e Recursos da USP; da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, da qual foi presidente; da Associação Brasileira de Juristas Democratas; e do Instituto dos Advogados de São Paulo, do qual foi vice-presidente. Também presidiu a Fundação Escola de Sociologia e Política e foi secretário dos Negócios Jurídicos da Prefeitura do município de São Paulo, na gestão da prefeita Luiza Erundina.

Em sua homenagem, o diretório municipal do Partidos dos Trabalhadores fundou, em 2020, a Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, com o objetivo de oferecer à cidade um espaço para a difusão das artes, cultura e noções de cidadania. 

O professor Dallari, além de sua obra jurídica, deixou um notável legado em defesa dos direitos humanos e sobre a importância da cidadania na formação de uma nação.

“Os direitos fundamentais são aqueles sem os quais a pessoa humana não conseguiria existir, desenvolver e participar plenamente da vida, e esses são os mesmos para todas as pessoas independentemente de ser homem ou mulher, da cor de sua pele, da sua classe social, de sua preferência política ou seu credo”,  escreveu o jurista em 2004.

Sobre a sua cidade natal, afirmou, em entrevista ao Viva! Serra Negra publicada em 2020, que Serra Negra era "fundamental" em sua história de vida. "Passei na cidade a minha infância e fui testemunha e participante de uma convivência fraterna e solidária de pessoas e famílias de diferentes origens e formações", disse. 

“A origem de meu despertar de consciência para os direitos humanos e de minhas atividades e minhas lutas na pregação e na busca de uma convivência humana justa e solidária está nas características tradicionais da sociedade serrana e nos ensinamentos e exemplos de meus pais", completou.

Esse período que viveu em Serra Negra, afirmou o professor, "certamente influiu" para que incorporasse o humanismo aos seus valores e costumes, "vendo em cada ser humano um igual, merecedor de respeito e, se necessário, de meu apoio".




Comentários