//CIDADE// Leitores apontam causas da estagnação do turismo em Serra Negra



A reportagem "Por que o turista de maior poder aquisitivo não vem a Serra Negra", publicada pelo Viva! Serra Negra na segunda-feira, 28 de março, provocou intenso debate entre os leitores, que se manifestaram nas redes sociais do portal.

"Dava para encher um caderno, para dar a explicação, mas tudo mudou quando Serra Negra deixou de ser aquela estância hidromineral, que atraia veranistas, que aqui ficavam semanas hospedados nos hotéis para o tratamento hidroterápico, com as águas de nossas fontes, fazendo compras nas lojas de sandálias e de artesanato em couro, tudo fabricado na cidade. Hoje, Serra Negra é uma sucursal do Bairro do Brás, de São Paulo, com suas lojas de vestuário importado, coisa que só atrai o turista ocasional, que só vem para cá nos fins de semana, sobe e desce a Coronel faz as compras, procura um lugar para comer e logo vai embora", opinou Nestor Souza Leme, que mantém no Facebook uma página de fotos históricas da cidade. 

Nestor prosseguiu relembrando que "existem duas Serras Negras, mas somente uma é conhecida pelos que aqui chegaram depois da década de 80". Segundo ele, "antes disto nossa cidade possuía cinco beneficiadoras de café, que além dos funcionários fixos, ainda davam emprego a dezenas de pessoas, em sua grande maioria mulheres, que faziam a escolha manual dos grãos, existiam várias fábricas de artesanato em couro, nas quais trabalhavam dezenas de artesãos de várias idades, outras tantas fábricas de sandálias com outros tantos funcionários, várias fábricas de artesanato em madeira, equipes de pedreiros, serventes, carpinteiros, duas marcenarias com vários funcionários, dezenas de cozinheiros, garçons, arrumadores de quartos, porteiros, pessoal de limpeza, trabalhando nos hotéis, ou seja a cidade era autossuficiente em emprego a todos os moradores, mas tudo isto pouco a pouco foi acabando e trocado por mercadorias e serviços vindos de fora". 

E fez uma crítica aos comerciantes, dizendo que "o prefeito Paulo Scachetti revitalizou a rua Coronel, instalando lá bancos e floreiras, porém, nessas floreiras que enfeitam a rua, as flores secam, morrem, sem que ninguém das lojas, coloque nelas um pouco sequer de água, ou seja se não chover seca e secou, a prefeitura que trate de replantar as flores". Ele ressalta que apenas "uma ou duas lojas fazem a manutenção da floreira que está em frente sua loja, plantando e mantendo as flores sempre vivas".

Em resposta a Nestor Leme, a leitora Tânia Maria escreveu que quando se mudou para Serra Negra, um workshop no Centro de Convenções discutiu novos ramos de atividades na cidade, "novos braços de trabalho e renda". "Ele me chamou a atenção por ser feito por um grupo de Limeira, minha cidade natal, mas vejo que não serviu para nada, não tiraram proveito de nada". Limeira, explica, "era uma cidade que vivia quase que unicamente da laranja, hoje é uma cidade com vários ramos de atividades, a economia cresce a olhos vistos". 

Iraides Medeiros deu uma sugestão para a economia da cidade se dinamizar: "Deveria ter feira de artesanato em várias praças, tornar-se um polo de artesanato, seja em couro, lã, linha, pintura, cerâmica, enfim se especializar em alguns tipos de atividade."

Marcio Rampazzo Pirani fez uma explanação longa sobre os motivos da estagnação da cidade no setor do turismo. Segundo ele, "há mais de 30 anos o Circuito das Águas deixou de ser um destino turístico por inúmeras razões, sejam elas políticas, econômicas ou comerciais". 

Na sua opinião, "a falta de investimento no turismo, a baixa qualificação técnica, a sonegação de impostos e outras razões incentivaram outros destinos turísticos a se desenvolver". Antigamente a concorrência era menor, constata. "Hoje a própria população local não sabe receber o turista, qualquer evento na região recebe críticas, nada pode ser feito, seja uma música na praça, um desfile de Carnaval ou Natal, quem faz recebe uma enxurrada de críticas, pois ainda tem gente que acha que as cidades do Circuito se vendem apenas com o nome", continua. 

"O comércio, de forma geral, incluindo os hotéis, também está na contramão, somos talvez o maior parque hoteleiro do interior de São Paulo e não temos escolas profissionalizantes, ou seja o nosso atraso remonta há mais de 30 anos, outros destinos se formaram em cima dos erros aqui criados, por caciques e senhores feudais!", acrescenta.

Rubens Pacheco preferiu comentar a reportagem com uma abordagem macroeconômica: "Se nem o turista de maior poder aquisitivo está vindo, imaginem os de poder aquisitivo normal", escreve, para em seguida perguntar e  ele mesmo responder: "Porque será? Preços gerais subindo semanalmente, impostos escorchantes... E claro, salários e aposentadorias ou pensões não acompanhando esses aumentos, está aí a maior causa."

Regina Bastos concordou com ele e criticou os preços cobrados pela rede hoteleira: "No feriado de 21 de abril os preços de hotéis e pousadas estão tão caros que fica bem difícil, até para quem tem recursos, e o turista acaba indo para outros locais, onde pagará menos com mais custo/benefício".

E Rosana Senna deu um exemplo de como o preço alto afasta o turista: "Uma família amiga de Santos nos ligou no Carnaval, com o intuito de vir a Serra. Queriam chalés e pensão completa. Pediram mais de R$ 7.000 para três pessoas. A média era essa. Foram para o Sul de Minas. Outros amigos foram para Monte Alegre do Sul, em pousadas muito boas, com aceitação de pets."






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