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O Brasil teve uma longa e profunda tradição vacinal. Essa fama começa com Oswaldo Cruz, em 1904, e se consolida a partir de 1973, com a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
À época, o País vivia uma pandemia de meningite e convivia com situações de saúde pública próprias de nações miseráveis, com inúmeros casos de sarampo, poliomielite, difteria, tétano, coqueluche e outras doenças que desgraçadamente faziam parte do cotidiano das famílias, especialmente as mais pobres.
Paralelamente, foram criadas unidades de vigilância epidemiológica e a vacina infantil passou a ser obrigatória. Todos fomos imunizados. O Brasil passou a ser uma referência global.
Em 1973, a ditadura militar convocou técnicos sanitaristas para criar e desenvolver a estrutura vacinal. Agora, o bolsonarismo levou os militares para tomarem conta dessa estrutura construída e desenvolvida ao longo de quase 50 anos, e o desastre se fez.
Bolsonaro é um Sadim, o contrário de Midas, e que transforma em desgraça tudo o que toca. A pandemia do coronavírus escancara os crimes do Ministério da Saúde. Não fosse a pandemia, talvez demorássemos mais para perceber, mas a incompetência estaria lá do mesmo jeito.
Faltam vacinas obrigatórias, atrasando todo o programa de imunização. E agora sabe-se que a distribuição do imunizante contra covid-19 para crianças teve corrupção e má gestão dos militares.
Oficiais do Exército, incluindo um general, contrataram, sem licitação, uma empresa sem nenhuma experiência na área de saúde para fazer a distribuição da vacina pediátrica da Pfizer.
As trapalhadas se somam e o resultado foi o atraso no começo da vacinação, com gastos públicos suspeitos e desnecessários.
Com o fim do desgoverno Bolsonaro e seu eterno direito de ser um ausente, será preciso muito esforço, trabalho e dedicação para fazer o Brasil voltar a ser referência epidemiológica.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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