//TURISMO// Mirante de vidro no Alto da Serra torna inviável voo livre na cidade, dizem esportistas

 

O Clube do Voo Livre do Alto da Serra Negra enviou ao prefeito Elmir Chedid e ao presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, um ofício no qual se manifesta contrariamente à construção de um mirante com piso de vidro no Alto da Serra.

“A construção de grande porte na encosta (face noroeste da montanha) irá inviabilizar a prática do voo livre, colocando em risco os pilotos e visitantes”, diz o documento.

O argumento dos praticantes do esporte é de que uma grande estrutura no local, além de obstáculo para o voo, causa alterações no fluxo do ar, provocando rotores e turbulências que podem causar acidentes fatais.

O documento alerta ainda para o impacto visual da construção na paisagem natural do ponto mais alto da região.

 “Esse dispositivo irá impedir definitivamente a realização da prática do voo livre na cidade, dando fim a quase 40 anos de história, conquistas e resultados positivos para a cidade”, afirma o documento.

Os praticantes do esporte destacam a importância da prática do voo livre para a divulgação de Serra Negra e o desenvolvimento turístico do município.

“Como todos devem saber, há quase 40 anos Serra Negra tem se destacado como um dos melhores locais do interior paulista para a prática do Voo Livre. Prática esportiva que nos últimos anos proporcionou e proporciona um grande destaque e apelo turístico, que foi mola propulsora para a revitalização do próprio Alto da Serra, transformando-o no principal ponto turístico da cidade e o mais procurado da região”, diz o documento.

Os praticantes de voo lembram ainda que muitos dos materiais publicitários produzidos pelo comércio e prefeitura utilizam imagens de parapentes para ilustrar propagandas, comunicados e logotipos comerciais.

O documento foi lido na sessão da Câmara Municipal de segunda-feira, 29 de novembro. O presidente da Casa, César Augusto Borboni, informou que uma cópia também foi enviada ao prefeito Elmir Chedid e que os argumentos do Clube do Voo seriam avaliados pelos técnicos da prefeitura.

A ideia da construção do mirante de vidro vem sendo discutida pela Prefeitura de Serra Negra desde o início de 2021, quando o presidente da Câmara recebeu um grupo de empresários responsáveis pelo Teleférico de Aparecida do Norte e pelo Skyglass Canela, inaugurado há quase um ano.

Os empresários visitaram vários municípios dos Circuito das Águas Paulista para fazer prospecção de negócios.

O presidente da Câmara apresentou Serra Negra, na ocasião, aos investidores. Segundo Ney, eles teriam se encantado com a cidade. Os empresários teriam ficado impressionados com as belezas naturais e com o número de visitantes que Serra Negra recebe, de mais de 1 milhão por ano.

Os empresários apontaram algumas possibilidades de investimentos. Uma delas seria a ampliação e modernização do teleférico e a outra o Alto da Serra, que poderia ganhar um parque turístico ou uma pista de esqui.

A obra seria construída pelo investidor que seria também o responsável pela exploração dos serviços. Em Canela, o ingresso para a visita ao parque, o acesso à plataforma de vidro e ao comboio Abusado (que circula sob a plataforma) custa em torno de R$ 170.

Andamento das obras

A assessoria de imprensa da prefeitura informou em outubro que a administração municipal já havia iniciado as obras de pavimentação de 1.200 metros da estrada que liga a Rua Paulo Marchi ao Alto da Serra.

O projeto topográfico e os estudos geotécnicos foram feitos pela empresa Planos Engenharia, contratada por meio de processo licitatório.

Os projetos de drenagem, terraplenagem, geometria de pavimentação e sinalização encontravam-se em elaboração. Segundo o presidente da Câmara, o projeto de revitalização do Alto da Serra, com estudo de impacto ambiental, foi encaminhado ao governo do Estado de São Paulo.