//CULTURA// Jovens querem mais apoio oficial para mostrar sua arte


                 

Jovens artistas de Serra Negra querem mais apoio da prefeitura para realizar eventos culturais. Eles se sentem excluídos do calendário de programação cultural do município, querem mais atrações para a juventude nos principais espaços públicos da cidade e sonham em atuar em áreas profissionais que não são incentivadas no município que dá prioridade ao turismo.

Esses e outros assuntos foram abordados no programa Serra Negra na Roda desta quinta-feira, 24 de junho, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari.

O tema juventude, cultura e arte e as oportunidades para os jovens em Serra Negra foi discutido por Kaique Jesus, cantor e compositor do Real Rap; Julia Maia, compositora e vocalista da banda Julia and The Fishes, e Igor Mota Marques, presidente do Clube de Cultura Pop de Serra Negra.

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Além de contar com pouco apoio da prefeitura para os eventos, os jovens temem que a ação da polícia dificulte a realização de shows e apresentações. Mesmo com alvará e permissão da prefeitura, o evento Batalha da Serra, um duelo musical entre grupos de rap, já foi interrompido e impedido de ocorrer devido à intervenção da polícia, relatou Kaique Jesus.

“Não sentimos muito apoio para a realização dos eventos e sempre temos medo da intervenção policial”, afirma Júlia. Igor explicou que os espaços públicos, como as praças da cidade e em especial a Praça Sesquicentenário, próxima à estação rodoviária, são os locais mais apropriados para a realização de eventos destinados à juventude.

"Quando o jovem faz um evento, ele quer ser apreciado. O jovem quer ter um público e falar para a sociedade”, afirmou Igor. 

Os jovens se mostraram pouco receptivos à ideia de um espaço exclusivo para eventos destinados à juventude. “Ter um espaço exclusivo é bom, mas obrigar que todos os eventos ocorram nesse lugar, não é uma boa ideia”, afirmou Igor.

Os jovens também não gostam da ideia de incentivos públicos apenas para artistas cadastrados pela administração municipal. Para eles, o poder público deve incentivar todos os jovens artistas, independentemente do cadastro.

Os entrevistados observam que as atrações para jovens na cidade estão cada vez mais escassas e temem que algumas poucas que ainda existem, como o Carnaval, desapareçam, com a programação cultural cada vez mais voltada para atender aos interesses turísticos.

“O Carnaval é a expressão do brasileiro e não podemos boicotar isso. Cada vez mais em Serra Negra estamos tirando os nossos eventos”, afirmou Júlia. “Isso está ocorrendo porque a programação é elaborada considerando o que o turista vai pensar, o turista vai querer, o turista vai se divertir. E a população em geral fica sem nada”, lamenta.

A prioridade do fomento do turismo em detrimento de outras áreas com potencial na cidade também é criticada pelos jovens. “A grande maioria das pessoas que conheço não quer trabalhar com turismo”, diz Júlia, que além de musicista é designer gráfico. “Para exercer minha profissão e ganhar mais tive de deixar a cidade”, relata.

Empregado da área de logística, Kaique revela que também teve de deixar Serra Negra para encontrar melhores oportunidades de trabalho. “A opção aqui é ser empregado de hotel, loja e supermercado”, afirmou.

Igor salientou que Serra Negra não deve deixar de investir em turismo, mas deve fomentar outras atividades econômicas. “Serra Negra não precisa desprezar seu potencial turístico, mas a cidade tem muito potencial em outras áreas que precisam ser desenvolvidas", concluiu.

A seguir, a íntegra do programa:



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