//PANDEMIA// Adolescentes devem sofrer mais sequelas emocionais, dizem psicólogas



Os adolescentes são a faixa etária da população que mais deverá apresentar sequelas emocionais provocadas pela pandemia do covid-19, embora esses jovens tenham sofrido menos com o isolamento social e as aulas à distância do que as crianças.

Dificuldades para aprofundar relacionamentos, para desenvolver habilidades de cooperação e empatia, além do endurecimento afetivo e até depressão são algumas das sequelas da pandemia sobre esses jovens citadas pela psicóloga Ana Silvia Camargo Cavicchia no programa Serra Negra na Roda, apresentado na quinta-feira, 6 de maio.

O programa sobre o impacto da pandemia entre adolescentes e crianças, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, contou também com a participação da psicóloga Thaysa Arruda, que trabalha no Colégio Libere Vivere e é especializada em dependência química.

Especialista em Teoria e Técnica da Psicanálise de Crianças e Adolescentes pelo Núcleo Psicanalítico de Pelotas (RS), Ana Silvia, que atende em instituições e clínica de Amparo, observa que o impacto da pandemia entre os adolescentes é menor devido às características típicas da idade em que mais introvertidos e voltados para si, os adolescentes se adaptaram melhor do que as crianças às aulas online e ao isolamento social.

“Os adolescentes vão ficar mais sequelados, porque é uma privação de uma etapa da vida que os separa dos pais. Nesse momento adolescente, não está acontecendo”, observa a psicóloga.

A psicóloga avalia que as relações dos adolescentes no pós-pandemia tendem a ser mais superficiais e será necessário trabalhar essa questão. Thaysa concorda que os adolescentes devem apresentar sequelas que ainda não é possível, avalia, prever quais serão.

“Eles estão na fase nessa fase de se distanciar dos pais, passear, namorar, se conectar entre si, conhecer pessoas novas e estão sendo privados disso tudo”, observa. Thaysa considera difícil mensurar quais serão as consequências, mas elas vão depender da capacidade emocional e cognitiva de lidar com a resiliência de cada um.

As psicólogas concordam que políticas públicas na área da educação já deveriam estar sendo formuladas pelo Ministério da Educação para amenizar este impacto, mas nenhuma delas manifestou otimismo com relação às iniciativas do atual governo.

Ana Silvia diz acreditar que essas questões, incluindo a da desigualdade entre jovens da classe média e da periferia, devem ser equacionadas pela sociedade civil, que parece mais preocupada com essas questões sociais do que o governo.

“Penso que a sociedade civil vai se mobilizar e talvez apareça alguma coisa que ofereça suporte a esses jovens que foram excluídos pelo tipo de educação que temos, de política que temos e de sociedade”, afirma a psicóloga lembrando que foi o eleitor quem escolheu o atual governo

“Somos responsáveis, mas penso que a sociedade civil pode ter muitos movimentos”, afirmou. Menos otimista, Thaysa atribui o desalento de boa parte da população brasileira ao atual governo e sua omissão no enfrentamento da pandemia.

“Penso que esse desgoverno até é razão de algumas pessoas estarem emocionalmente abaladas”, afirmou. “Temos uma coisa horrível ocorrendo, que é a pandemia, com um governante que está sendo horrível também porque parece que ele tem interesse em aumentar as desigualdades sociais, não ajudar as pessoas”, afirma.

Para Thaysa, as pessoas é que terão de querer mudar e melhorar o país porque essa iniciativa não deverá partir do governo federal. 

A seguir, a íntegra do programa:




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