//SAÚDE// Prefeitura vai aplicar testes de covid-19 em trabalhadores do comércio



A prefeitura de Serra Negra terá disponíveis 8 mil testes rápidos de detecção da covid-19 para aplicar em trabalhadores de estabelecimentos comerciais, como padarias, supermercados e postos de combustíveis, entre outros.

A informação foi dada pelo presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, na sessão virtual realizada na quarta-feira, 14 de abril. Os testes rápidos são uma resposta a algumas categorias de trabalhadores, como frentistas, que solicitam pelo menos a testagem em massa enquanto a vacina contra a covid-19 não chega. 

Os vereadores foram convocados extraordinariamente para votar dois projetos do Executivo. Um deles estabelece convênio entre a prefeitura e a Santa Casa Anna Cintra, localizada em Amparo, para garantir a disponibilidade permanente de dois leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a população de Serra Negra.

O município repassará para a Santa Casa Anna Cintra R$ 1, 6 mil/dia por leito de UTI. Serão repassados R$ 3,2 mil por dia, valores estabelecidos com base na tabela do Serviço Único de Saúde (SUS). Os dois leitos serão destinados a pacientes contaminados com covid-19. A prefeitura vai desembolsar R$ 96 mil por mês para garantir os dois leitos.

Serra Negra registrou, nas últimas 24 horas, mais três óbitos por covid-19, dois deles de pessoas de uma mesma família. O agravamento da pandemia na cidade obrigou os vereadores a recrudescer também o discurso em relação às medidas de proteção, como o uso de máscaras.

Vereadores que até o ano passado retiravam a máscara todas as vezes que usavam a tribuna da Câmara ou quando se pronunciavam durante as sessões, fizeram defesa veemente do uso do equipamento de segurança, enfatizando que já perderam pessoas próximas e queridas para o coronavírus.

“Pessoal pode ser magro, gordo, fitness, use máscaras”, afirmou Eduardo Barbosa (DEM), ao lamentar a perda de um amigo de 45 anos. Ele destacou a necessidade do uso de máscaras por trabalhadores da construção civil e da agricultura que, segundo ele, têm negligenciado o uso do equipamento.

“O pessoal de obra e da zona rural não está usando e pode pegar o coronavírus, levar para casa e contaminar a família”, salientou. O vereador sugeriu ainda que a prefeitura contrate um carro de som para circular pela cidade transmitindo mensagens de conscientização sobre a importância do uso da máscara.

O presidente da Câmara aproveitou para pedir aos vereadores que contatem seus deputados estaduais e federais para pressioná-los no sentido de que sejam enviadas à cidade vacinas destinadas à imunização de profissionais da saúde e dos bombeiros, que ainda não foram imunizados.

Cerca de 350 trabalhadores de 81 clínicas privadas de saúde, o vereador calcula, além de oito bombeiros e veterinários, estão sem a vacina. O presidente da Câmara atribuiu ao governo do Estado de São Paulo a falta de doses para essas categorias consideradas prioritárias no Plano Nacional de Imunização do governo federal.

“É um absurdo ter um plano nacional de vacinação e o governo do Estado não liberar as vacinas. Serra Negra tem feito a lição de casa a duras penas”, afirmou. Segundo ele, muitos profissionais da saúde contraíram covid-19 mesmo depois do início da vacinação por não terem sido incluídos no programa do Estado.

O desentendimento e o empurra-empurra entre os governos municipal, estadual e federal e a falta de imunizantes para o cumprimento do Plano Nacional de Vacinação refletem a falta de vacinas disponíveis no país decorrente da estratégia adotada pelo governo federal.

O governo Bolsonaro apostou todas as fichas na vacina AstraZeneca-Oxford, ameaçou boicotar a Coronavac e só decidiu comprar outras vacinas quando boa parte da produção mundial já estava comprometida com as encomendas de outros países.

O cronograma atual do Ministério da Saúde prevê 563 milhões de doses para este ano, e a entrega de 154 milhões delas no primeiro semestre, considerando apenas vacinas aprovadas pela Anvisa: Coronavac, AstraZeneca-Oxford e Pfizer.

Serra Negra pretende adquirir 40 mil doses por meio do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), mas até agora não há vacinas disponíveis para a compra pelos municípios.

Ciência e fé

O vereador Roberto de Almeida (Republicanos) voltou a defender na última sessão a reabertura dos templos e igrejas para realização de missas e cultos. "Cerceamento de missa é inadmissível. Todas as igrejas católicas e evangélicas aplicam as orientações sanitárias de maneira mais eficiente do que o governo”, afirmou. “Somos obrigados a ficar sem missa, sem culto”, lamentou.

O vereador disse que tem a intenção de elaborar uma moção de aplausos ao padre Sidney Basaglia, da Igreja Nossa Senhora do Rosário, que na sua opinião, tem feito brilhantes homilias em defesa da abertura das igrejas.

Nas homilias publicadas na sua página pessoal no Facebook, o padre compara a fé com a ciência e critica o governador João Doria por se preocupar com a contaminação na igreja e não em outros lugares, como os ônibus. O padre destaca também os casos de serranos com depressão e ameaçando suicídio, que foram atendidos durante o fechamento da igreja.

Em uma das homilias o padre rebate críticas sobre o interesse financeiro de pastores e padres na reabertura dos templos. O sacerdote explica que os padres recebem uma espécie de salário chamado côngrua, que cobre suas despesas pessoais e cujo valor é fixo.

Ele rebate também críticas feitas em sua página no Facebook de serranos que sugerem a caridade em vez de abrir ou construir igrejas. O sacerdote informa que fiéis serranos doaram em menos de uma semana 500 litros de leite.

Na última homilia publicada, no dia 11 de abril, o padre compara a fé à ciência e faz críticas aos questionamentos científicos e filosóficos. O espírito crítico, lembra, nasceu com o filósofo Descartes há 400 anos, o que fez com que a sociedade se tornasse cética e duvidasse de tudo.

“O homem moderno acredita na ciência, ele acredita naquilo que ele pode ver. O problema é que a maior parte das coisas que a gente sabe, mesmo que diga que foi cientista, ou que é científica, você não viu, você não experimentou, foi o outro que te contou, não é assim?”, pergunta.

“Você foi ao laboratório fazer experiência? Não. Então, você está confiando em outra pessoa. No final das contas fica assim: eu acredito em qualquer um, menos na Igreja, menos em Jesus. Eu acredito no que eu posso tocar. Só que as coisas mais importantes não podem ser tocadas. Você já tocou no amor, na misericórdia, na verdade? As coisas mais importantes não dão para colocar no laboratório”, conclui o padre.

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