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Fernando Pesciotta
Recorrentemente empresários citam uma tal agenda liberal do ministro Paulo Guedes para justificar o apoio ao governo (?). A economia, porém, tem dados novos a cada dia que ratificam que a gestão é um desastre – nem uma lista de beneficiários do auxílio emergencial ele é capaz de fazer.
Oito em cada dez famílias em que o rendimento mensal com o trabalho fica acima de cinco salários mínimos perderam renda no quarto trimestre de 2020, ante igual período do ano anterior.
Pior: 7% dessas famílias perderam tudo o que habitualmente recebiam.
Neste caso, são considerados de classe média domicílios com rendimento mensal acima de cinco mínimos, ou R$ 5.225.
Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que o porcentual da população brasileira de classe média caiu de 51% em 2020 para 47% em 2021. O tombo faz com que o “tamanho” da classe média hoje seja igual ao da classe baixa. Caminhamos com convicção para sermos uma população predominantemente pobre.
A maior participação da classe média foi em 2011, sob o governo de Dilma Rousseff, quando era 54% da população brasileira.
A inflação de 12 meses pode bater em 8% em pouco tempo. A taxa de juros de longo prazo já passa de 9% ao ano. O câmbio continua acima de R$ 5,50, com depreciação bem maior do que nos demais países emergentes.
A irresponsabilidade fiscal turbinada pela falta de uma agenda econômica consistente começa a cobrar seu preço, prejudicando a recuperação da produção e do emprego.
Segundo o que o presidente do Insper, Marcos Lisboa, expõe na Folha, o despreparo do governo resulta em medidas equivocadas, como a proposta de emenda constitucional (PEC) para possibilitar gasto público acima do permitido.
A combinação perversa dos riscos fiscal, político e da péssima condução da crise sanitária pressionam o dólar, que por sua vez eleva a inflação.
Na virada do ano, analistas projetavam o início do ciclo de alta da taxa básica de juros e um novo boom mundial das commodities como tendência de valorização do real
Agora, economistas ouvidos pelo Estadão apontam que o dólar poderia estar abaixo de R$ 5 se não fosse o “caldo” de incertezas que rondam a economia brasileira, e o dólar gira em torno de R$ 5,60.
O otimismo que vinha junto com o índice de Condições Financeiras na virada do ano piorou em fevereiro e não voltou mais a dar sinais de melhora. Neste link você encontra a reunião destes e outros pontos que mostram o que se previa no início do ano e como estão as novas projeções para a economia: https://bityli.com/JwtUV
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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