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Lucas Menezes
Desde o começo de novembro os casos confirmados de covid-19 voltaram a subir em toda a região do Circuito das Águas Paulista. Hoje podemos ver com clareza que a tal da segunda onda nos atingiu, e ainda nos atinge, enquanto esperamos que sua crista surja e os casos voltem a patamares mais seguros.
Infelizmente, os gráficos nos indicam que ainda teremos muitos casos pela frente. Todas as cidades da região se encontram na guinada da onda, com novos casos aparecendo cada vez mais, sem indício de diminuição.
Mas por que temos ondas de infecções? Segundo a Johns Hopkins, é o comportamento da população que determina a transmissibilidade do vírus. Isso nos mostra duas coisas: a boa, é que somos capazes de mudar o nosso comportamento social de forma a travar o aumento de casos, como aconteceu na primeira onda; a ruim, é que não estamos mais fazendo isso e, portanto, nos encontramos em tal situação novamente.
Há, então, duas formas de diminuir o número ainda crescente de casos: o isolamento social e a vacinação da população. Com a chegada das vacinas, enxergamos uma luz no fim do túnel, mas o túnel é extenso, já que as previsões são de que demoraremos em torno de um ano para vacinarmos a maioria da população, atingindo a imunidade coletiva. A saída mais viável é voltarmos a um isolamento mais agudo, de forma a retroceder a contaminação. Não é a estratégia que gostaríamos, mas é a necessária para contermos tal situação.
Observações técnicas
Os gráficos de casos diários nos mostram que os casos têm aumentado vertiginosamente, mas vale a pena ressaltar que tais números possuem um atraso incontornável.
Primeiro, da natureza do vírus, que demora de 2 a 14 dias para manifestar sintomas no seu hospedeiro (média de 5 dias); segundo, após a suspeita de contaminação, os pacientes fazem o teste, que demora em média 15 dias para ter resultado (e só aí ele entra no gráfico); e, terceiro, os dados apresentados são da Secretaria de Saúde do Estado, e quem acompanha os casos pelos números divulgados pelas prefeituras em suas redes sociais pode perceber que existe um atraso para que eles sejam contabilizados.
Somando essas contribuições, podemos estimar que, entre a real infecção de uma pessoa até a contabilização pela secretaria estadual, há uma diferença de quase 1 mês! Pode ser que a maioria das contaminações das festas de fim de ano ainda nem tenham sido contabilizadas, o que assusta, já que o número de casos deste começo de ano já é alto, e provavelmente continuará pelos próximos dias.
Referências:
Lucas Menezes é doutorando em física pela Unicamp
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