//ANÁLISE// O cheiro da morte e a ajuda da Venezuela

                                                                                                     


Fernando Pesciotta


O governador João Doria fez nesta quinta-feira (14) talvez sua mais dura crítica a Jair Bolsonaro. Ele disse que “não há como aplaudir um governo que gosta do cheiro da morte”.

Doria afirmou que a atitude de Bolsonaro diante da pandemia revela um “pária” que tem liderado o Brasil em meio a um “mar de incompetência”. Bolsonaro está podendo apanhar até de Doria.

Nas redes sociais, a cobrança veio de usuários, que promoveram grande repercussão da informação de que os hospitais de Manaus estão sem oxigênio – só no Twitter são mais de 200 mil interações. Pacientes morrem por sufocação. Os usuários pedem providências do governo federal.

O único avião brasileiro capaz de transportar cilindros de oxigênio está em manutenção na FAB, o que já é estarrecedor. Por isso, Bolsonaro recorreu a seu grande amigo e tentou o empréstimo de uma aeronave dos EUA.

À noite, porém, viralizou a informação de que a Venezuela vai levar oxigênio para Manaus. O governo de Maduro foi proativo e aproveitou a oportunidade de dar um tapa de pelica no Brasil de Bolsonaro. Logo a Venezuela que os bolsonaristas gostariam de ver morta e sepultada. A ironia do destino que prega peças.

O caso serve para ilustrar o tamanho da incompetência desse governo militar. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, está no cargo porque seu currículo diz que ele é especialista em logística.

Que ótimo, o cara não consegue nem levar oxigênio para Manaus. Em vez disso, impregnado pelo negacionismo de um governo que tem sangue nas mãos, o general recomenda “prevenção”. Ele e Bolsonaro repetiram essa asnice ontem. Contrários ao isolamento e o uso de máscara, esses dois cretinos insistem em “tratamento precoce”?

A Fiocruz informa que a explosão de casos na cidade, que está colapsada, é da nova cepa do vírus.

Antes dessa revelação, o primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, já havia anunciado a proibição de entrada de viajantes oriundos da América do Sul.

A medida visa evitar o desembarque da nova variante do coronavírus identificada no Brasil. No começo da semana, o Japão confirmou essa nova cepa em quatro pessoas que chegaram da Amazônia.

Segundo a BBC News, essa variante é diferente daquela já verificada na Grã-Bretanha, de origem na África do Sul.

Graças a Bolsonaro e aos militares de seu governo, estamos cada vez mais isolados no mundo e dependentes da China e da Venezuela. Parabéns a todos os envolvidos.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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