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Salete Silva
Não adianta os gestores públicos irem às redes sociais dizer que o pior já passou e tentar anunciar um 2021 mais tranquilo do que 2020, com vacinação disponível e imunidade garantida.
Ainda há importantes desafios a vencer nas pesquisas e desenvolvimentos das vacinas para oferecer à população doses seguras e eficientes.
Os países ricos estão mais adiantados. Adquiriram mais da metade das doses disponíveis pelos principais laboratórios e começaram a vacinar sua gente.
O Brasil ainda não tem uma coordenação nacional para desenvolver um programa de vacinação, que foi apresentado pelo Ministério da Saúde sem detalhes relevantes para a execução.
Pior, a proposta do governo foi divulgada com nomes de pesquisadores renomados do país sem o conhecimento e autorização desses profissionais.
Os jovens, infelizmente, são a parte frágil dessa história. Não resta dúvida de que foram os mais atingidos pela pandemia do ponto de vista psicossocial.
Os bares cheios e as declarações de seus frequentadores recheadas de desinformação sobre o assunto dão uma ideia do desconhecimento e pouca importância dada à crise sanitária.
Essa situação caótica devido em especial à desinformação só será revertida com posicionamento mais realista de autoridades dos governos federal, estadual e em especial municipal.
Mensagens de fim de ano têm de ser positivas, levar esperança e conforto à população. Mas sem o tom de que o pior já passou.
Os dados estatísticos revelam que no Brasil e no mundo o índice de contaminação acelerou e está quatro vezes acima do registrado no início da pandemia.
Não há dados científicos que revelem alguma tendência de arrefecimento ou sequer de estabilidade da pandemia. São mais de 1,5 milhão de mortos no mundo.
No Brasil, cerca de 7 milhões de casos confirmados indicam que ainda estamos muito longe dos 70% de imunidade de rebanho necessários para conter o coronavírus.
Além disso, as negociações atrapalhadas e a ausência de contratos efetivos com os fabricantes indicam que a aquisição de vacinas ocorrerá de forma gradual e insuficiente para imunizar os brasileiros.
Feliz Natal, sem aglomeração, sem festas e um Ano Novo com fé, mas com pé no chão é a mensagem de bom tamanho que as autoridades deveriam enviar à população brasileira.
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