//ANÁLISE// Sangue e dinheiro nas mãos de Bolsonaro

                                                                                          


Fernando Pesciotta


Jair Bolsonaro admitiu nesta terça-feira, 15 de dezembro, que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava suas contas, mas considera que o processo contra Flávio Bolsonaro é “político” e visa atingi-lo.

Mais uma vez, como de costume, Bolsonaro misturou mentiras e dialéticas não para dar explicações sobre o caso, mas para claramente estabelecer um discurso a seus defensores.

Ao tentar justificar o depósito de R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro, ele tergiversa e distorce os fatos. Assume que, na verdade, o pagamento foi para ele e não para Michelle, e aí introduz uma realidade paralela para tentar estabelecer outra versão. "Aqueles cheques do Queiroz ao longo de dez anos foram para mim, não foram para ela. Divide aí. R$ 89 mil por dez anos, dá em torno de R$ 750 por mês", disse.

Os R$ 89 mil não são relativos a vários depósitos, presidente. São vários dinheiros que chegaram à sua conta e de seus filhos. Esse para a conta da sua mulher é um só, e o senhor ainda não deu as devidas explicações para isso.

Bolsonaro tanto sabe que está mentindo que colocou a estrutura de Estado para tentar tirar a lama de cima dele e de seus filhos. Ainda nesta terça-feira, a Abin reconheceu que abrigou uma reunião com Flávio Bolsonaro e seus advogados.

Tergiversar e mentir são práticas corriqueiras de Bolsonaro. Tomemos outro exemplo: ele se dizia contrário às medidas sanitárias de combate à pandemia alegando que a economia não podia ser atingida. Então, por que, agora, é contra a vacina? A imunização, como reconhece o presidente do Banco Central e qualquer pessoa razoavelmente inteligente, é o caminho mais barato e mais curto para a plena reativação econômica.

A resposta é uma só: Bolsonaro, como bom miliciano, ama a morte, dos outros, claro.

Terra plana

O Brasil precisa se acostumar a passar vergonha. Bolsonaro foi o último mandatário do mundo ocidental a reconhecer a vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos EUA, um mês depois.

Ele seguiu orientações do embaixador em Washington, Nestor Forster. Segundo o Estadão, ao longo da contagem de votos, o nobre embaixador, funcionário pago com dinheiro dos impostos dos brasileiros e a serviço do País, enviou ao Planalto relatórios nos quais, baseado em análises e notícias falsas, colocava em dúvida a lisura da disputa.


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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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