//ANÁLISE// Me engana que eu gosto

                                                                                   


Fernando Pesciotta


A divulgação do PIB do terceiro trimestre, na semana passada, motivou mais uma vez a ratificação do caráter do governo de Jair Bolsonaro.

A Secretaria de Comunicação (Secom) expôs nas redes sociais um gráfico (abaixo) que representava de maneira enganosa o desempenho da economia, querendo fazer crer que o País esteja numa situação melhor do que de fato vive.



Diante da saraivada de críticas, de renomados economistas e executivos do mercado financeiro, a Secom apagou o gráfico. Mas isso esconde a perpétua intenção do governo de sempre querer usar versões no lugar dos fatos. Está no seu DNA. Parece que nada muda o caráter mitômano que a família Bolsonaro impregnou na estrutura de governo.

Esse perfil está psicologicamente relacionado à maneira com que Bolsonaro conduz o que diz ser um governo. Todos os presidentes da história republicana brasileira tomaram posse com um discurso conciliador, com a garantia de governar para todos, já que todos pagamos impostos, seus eleitores ou não. Numa democracia, ganha quem tem mais votos, mas todos temos direitos e deveres.

A exceção dessa regra fundamental da convivência em sociedade foi rompida pelo trogloditismo bolsonarista. Em nenhum momento esse cidadão que se senta no Palácio do Planalto abandonou o discurso do conflito, do ódio, do bem contra o mal, deixando gigantesca margem de dúvida sobre onde está o bem e onde está o mal.

Nesse contexto, cabe a pergunta: ser contra a vacina que salva vidas e fazer pouco caso da morte pandêmica é estar do lado do bem ou do mal?

Buscando-se paralelos no mundo inteiro é possível encontrar bases sólidas para esse julgamento. Os bolsonaristas adoram comparar o troglodita com Recept Erdogan, Andrzej Duda, Viktor Orbán e Joko Widodo, os sanguinários mandatários da Turquia, Polônia, também de Jarosław Kaczyński, Hungria e Indonésia, respectivamente.

Mas nem esses extremistas de direita mundo afora estão fazendo pouco caso da pandemia. Estão todos atrás da vacina. Erdogan anunciou há três dias que será o primeiro a tomar a vacina na Turquia para dar o exemplo à população. Polônia, Hungria e Indonésia estão prometendo bilhões para assegurar a aplicação da vacina.

O único troglodita igual a Bolsonaro se despede da Casa Branca no começo de 2020. Ficaremos sozinhos, mais uma vez.

Orgia de homens

Em tempo: József Szájer, homem forte de Orbán na Hungria, acumula fama pela defesa da família conservadora. Homofóbico, era um eurodeputado em favor de causas extremistas no parlamento da UE.

Era, não é mais. Szájer foi pego em fragrante numa orgia com outros 25 homens regada a drogas como cocaína e LSD num apartamento em Bruxelas, sede do parlamento europeu. O imóvel era famoso por abrigar encontros de homens que gostam de fazer sexo com homens.

O vexame maior é que Szájer tentou fugir pela calha do prédio, pelado e carregando uma mochila com drogas. Acabou tendo de renunciar.

Szájer – pronuncia-se Saiéér – é mais um exemplo da hipocrisia da extrema-direita dos Orbáns, Erdogans e Bolsonaros.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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