//ELEIÇÃO// Planos de governo incluem desde "choque de gestão" a música gospel

Carlos Motta

Os planos de governo dos candidatos a prefeito de Serra Negra na eleição deste ano têm muitas promessas, propostas de medidas já tomadas pela atual administração, pontos em comum e falhas na redação. Dos quatro candidatos, apenas Vitale, da coligação PSD, Solidariedade, Podemos e PDT não apresentou publicamente ainda seu programa de governo.

A chapa situacionista, encabeçada por Elmir Chedid  (DEM, PSC, PTB e PSDB), abre seu documento afirmando que o plano "foi elaborado pensando em Serra Negra para o futuro", para em seguida destacar as qualidades do candidato, que, segundo o texto, "traz na bagagem a experiência como administrador público e de

empresas, com histórico de uma gestão marcada por muita luta como prefeito

para recuperar o município há 20 anos, de 1997 a 2000". 

Promete "jogar limpo, com transparência, combatendo o bom combate, cientes dos problemas da cidade, desde as enchentes até o desemprego, agravado pela pandemia do coronavírus". Também afirma que irá "atrás de recursos, sempre contando com apoio do deputado estadual Edmir Chedid, e buscando soluções criativas, porém numa situação financeira da Prefeitura inegavelmente bem mais confortável do que há 20 anos".

O conteúdo das propostas, informa, foi desenvolvido "a partir da experiência

do grupo político, com base em pesquisas, e elaborado de acordo com as

necessidades da população".

E reafirma um princípio constitucional para definir como será o seu governo: "humano, livre de preconceitos de cor, credo, orientação sexual, idade ou qualquer outro tipo de discriminação."

E embora liste 25 tópicos, cada qual com inúmeras propostas, diz que a prioridade "será investir na atenção aos mais carentes, principalmente idosos e pessoas com necessidades especiais, com o objetivo de mostrar que todos podem ser protagonistas e o Poder Público não pode desampará-los".

Saúde pública é um dos destaques. E nessa área estão algumas das principais promessas: concluir o processo para trazer o Samu (192) ao município e instalar uma Unidade Terapia Intensiva (UTI), em parceria com os municípios da região.

O plano atrela a criação de empregos e o aumento da renda dos trabalhadores ao crescimento da economia da cidade, considerando o turismo como seu principal "motor econômico". 

Dá ênfase ao "fortalecimento do calendário de eventos com muito destaque ao Festival de Inverno, Natal Luz, Carnaval família, Festa dos Italianos, Festa da Amizade e Celebração do Corpus Christi", esquecendo do Festival de Verão, lembrado depois no tópico "Turismo".

Nesse item, destaca o aproveitamento do Centro de Convenções para a realização de grandes eventos, captados por meio de um escritório de representação da cidade, instalado na capital para fortalecer a imagem de Serra Negra "como um importante polo turístico de lazer e negócios".

Elmir também promete, entre outras medidas, incentivar a instalação de indústrias não poluentes na cidade, transformar o prédio do mercado cultural em um polo de atividades culturais, transferindo a Secretaria de Educação e Cultura para outro local, reformar o Palácio Primavera, e ampliar a estrutura da Feira Noturna Cultural.

Marco Bueno e o "choque de gestão"

O destaque do plano de governo do candidato Marco Bueno (Republicanos, PV, Avante, Progressistas, MDB e PROS) é dar um "choque de gestão” na cidade, "administrando os órgãos públicos da mesma forma que se administra uma grande empresa". 

Isso, explica, será possível "através de profissionais capacitados para gerir cada secretariado e cada ocupação dentro do setor público". E para que o conceito seja aplicado na prática, diz o documento, "é necessário que o futuro prefeito e seu

respectivo vice tenham total independência e autonomia para a escolha daqueles que ocuparão as respectivas pastas da administração para que ambos tenham condições de trabalharem e fiscalizarem todos os setores ativamente".

Bueno diz que vai escolher seu secretariado com base, "preferencialmente", em critérios e pré-requisitos, além da participação de "representantes da sociedade, associações e entidades de classe".

No "choque de gestão" prometido, Marco Bueno dá prioridade para uma "auditoria total" na prefeitura no primeiro mês de governo. 

Além disso, promete adotar o App-Cidadão Serrano, um aplicativo de comunicação direta entre os cidadãos e todos os setores da prefeitura municipal; transmitir on-line todas as licitações; reduzir os cargos de livre nomeação; transferir para o Centro de Convenções todos os setores da municipalidade; substituir a cesta básica dos servidores por um cartão alimentação, "fazendo a economia local ter maior força"; digitalizar o Diário Oficial, "gerando economia"; e informatizar todos os departamentos da prefeitura.

Da mesma maneira que Elmir Chedid, na área da saúde, o plano de governo de  Bueno vê a necessidade de o Hospital Santa Rosa de Lima contar com uma UTI - no seu caso, ele afirma que vai "avaliar e planejar a implantação de pelo menos três leitos de UTI para dar suporte ao Pronto-Socorro e hospital". 

Chama a atenção, no documento, a promessa de adoção de algumas medidas já tomadas pela atual administração, como por exemplo, a revitalização do estádio municipal, o Barbosinha, cuja reforma foi recentemente concluída, e a criação de um cadastro de artistas locais, medida também já posta em prática pela prefeitura.

Na área cultural, um destaque é a promessa de transformar a Diretoria de Cultura, atualmente subordinada à Pasta da Educação, numa secretaria.

Outra medida proposta, similar à do candidato Elmir Chedid, é concentrar todas as atividades culturais no Mercado Cultural. 

No turismo, Bueno promete fortalecer a comissão municipal da área, o Comtur, transformando-o em órgão deliberativo - hoje é apenas consultivo. Para tanto, porém, é preciso alterar a lei que o criou.

Duas promessas são no mínimo curiosas: incluir apresentações de grupos gospel no Festival de Inverno e criar o "mascote da cidade".

Canhassi e os "três eixos"

O plano de governo do candidato do Patriota informa que a sua elaboração partiu dos "munícipes que conhecem a realidade de Serra Negra, os seus grandes problemas e necessidades, assim como as suas grandes potencialidades". As propostas nele contidas, diz o texto, são "absolutamente realizáveis em um governo sério como o que vamos fazer".

O documento explica que o governo de Canhassi seguirá três eixos: "excelência na prestação dos serviços públicos, em especial os considerados essenciais (saúde, educação e assistência social); desenvolver planejamento emergencial voltado para a reorganização urbana da cidade (...) aplicando de forma absolutamente consciente os recursos disponíveis e viabilizando captações de recursos emergenciais públicos ou em PPP; e potencializar a capacidade de geração de renda do município."

Na área da educação, Canhassi propõe abrir as escolas nos fins de semana para atividades esportivas e culturais e criar cursos pré-vestibular gratuito e de idiomas.

No tópico "Ciência e Tecnologia", pretende incluir "todas as repartições

na rede da Prefeitura"; promover amplamente a internet em escolas e todos os órgãos públicos e para a população em geral; e criar infraestrutura para VoIP, câmeras de vigilância, colocação de telecentros em locais mais distantes e diversos serviços que necessitem de uma infraestrutura para tal".

Clique nos nomes dos candidatos para acessar a íntegra de seus planos de governo:

Elmir Chedid

Eduardo Canhassi

Marco Bueno