//ANÁLISE// Acabou a corrupção

                                      


Fernando Pesciotta


No dia 23 de março, a Marfrig anunciou que doaria R$ 7,5 milhões ao Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do coronavírus.

O governo, entretanto, desviou esse dinheiro e o repassou ao programa Pátria Voluntária, liderado por Michelle Bolsonaro, acusa a Folha.

Não é a primeira denúncia de suposta irregularidade relacionada a Michelle. Sempre tem alguém da família Bolsonaro nessas denúncias.

É rachadinha, cheque do Queiroz na conta da primeira-dama, pagamentos em dinheiro vivo.

Não à toa, Bolsonaro comunicou a ministros do STF que escolheu o indicado para a vaga de Celso de Mello na corte: o desembargador Kassio Nunes Marques, do TRF da 1ª Região.

A escolha, ainda não confirmada, surpreendeu os magistrados, mas não o Centrão. Piauiense e católico, Marques tem o apoio do grupo. A expectativa, inclusive, é de que com ele seja definitivamente enterrada a Lava Jato e fique pavimentada a reeleição de David Alcolumbre na presidência do Senado.

Na campanha eleitoral, Bolsonaro surfou na onda do combatente à corrupção, aproveitando a total ignorância da maioria do eleitorado de sua vida pregressa. Se abraçou a Sérgio Moro, tirou proveito do que foi feito a Lula, seu maior adversário, e agora ajuda a sepultar a Lava Jato.

Hoje, Bolsonaro nada mais é do que um refém do Centrão. A “nova política” prometida na campanha não passou de fake news, tão ao gosto de seu caráter. Bolsonaro quer mesmo é proteção.

Crise no emprego atinge 52 milhões de brasileiros

A reabertura do comércio em meio à pandemia expôs a deterioração do trabalho e intensificou o crescimento do desemprego, que chegou ao recorde histórico de 13,8% no trimestre encerrado em julho. A série da Pnad Ativa começou em 2012.

São 13,1 milhões de pessoas na fila do emprego, segundo o IBGE. Em janeiro, a taxa estava em 11,2%.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o desemprego cresceu dois pontos porcentuais, o que corresponde a 561 mil pessoas.

A população ocupada diminuiu 7,2 milhões de pessoas (8,1%), com um total de 82 milhões de brasileiros, o menor da história.

Em janeiro, eram 94,2 milhões de brasileiros empregados. Ou seja, neste ano, até o final de julho, o País acumula 12,2 milhões de empregos a menos.

Os desalentados, que gostariam de trabalhar e nem procuraram emprego por acreditarem que não há vagas, tiveram alta de 15,3% (771 mil pessoas) em relação a abril e de 20% (996 mil pessoas) na comparação com 2019.

No total, entre desempregados, desalentados e precarizados, a deterioração do trabalho atinge nada menos do que 52 milhões de brasileiros.

Após a divulgação do IBGE, o Ministério da Economia tentou dar um ânimo no mercado anunciando que em agosto houve um saldo positivo de 249.388 vagas com carteira assinada no País. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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