//ANÁLISE// Guedes falta a evento no Planalto e alimenta especulações

             


Fernando Pesciotta

Jair Bolsonaro não apresentou ontem o pacote social alardeado pelo ministro Paulo Guedes, mas, picado pela mosca da reeleição, abraçou o projeto de outro ministro, Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e anunciou a troca do nome do programa habitacional. Sai de campo o Minha Casa Minha Vida e entra o Casa Verde e Amarela.

Voltada à população com renda de até R$ 7 mil mensais, a mudança embute revisão dos juros, que ficam mais baixos, e incentivo adicional para moradores do Norte e Nordeste, o que é visto como um movimento político de Bolsonaro.

Ao anunciar a medida, no Palácio do Planalto, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, admitiu que não se trata de um novo programa habitacional, mas um conjunto de medidas para aprimorar o que já existia, criado na gestão Lula.

As mudanças foram definidas por medida provisória e precisam, por isso, de aprovação do Congresso. Os recursos serão do FGTS.

Chamou a atenção a ausência de Paulo Guedes no Planalto. Assessores do presidente têm repetido que ninguém é insubstituível.

No evento, Bolsonaro chamou o presidente da Caixa de PG2, com as mesmas iniciais do ministro.

Ontem, o Senado aprovou a convocação de Guedes, que terá de explicar suas declarações de que a Casa cometeu crime ao derrubar o veto presidencial do reajuste do funcionalismo. Auxiliares de Bolsonaro avaliam tratar-se de mais um desgaste desnecessário, completa o UOL.

Fake news

Os R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz e sua mulher na conta de Michelle Bolsonaro são a ponta do iceberg de uma relação financeira obscura do presidente da República e seu ex-assessor ligado a milicianos. Além do depósito, há pagamento de boletos, parcela de apartamentos, mensalidades escolares e até plano de saúde, revela o jornal El País.

No total, o valor repassado por Queiroz à família de Jair Bolsonaro pode chegar a R$ 450 mil. A origem do dinheiro pode estar relacionada ao confisco de parte do salário de assessores, o que configura crime de corrupção e desvio de dinheiro público.

Em vez de aproveitar as perguntas feitas pela imprensa e explicar o caso, Bolsonaro prefere partir para o ataque, ofender os jornalistas ou quem lhe dirigir a pergunta e alimentar redes de fake news. E fica tudo por isso mesmo. Mas as instituições continuam funcionamento.

Inveja

A Alemanha ampliou a duração do pacote de medidas de alívio dos efeitos da pandemia na maior economia da Europa até o final de 2021. Os benefícios incluem a prorrogação dos subsídios ao trabalho de curta duração e o congelamento das regulamentações referentes à insolvência. As medidas apoiam empresas de pequeno e médio porte e trabalhadores.

Fundeb para sempre

O Senado aprovou por unanimidade a PEC que altera regras e torna permanente o Fundeb, criado na gestão do ministro Fernando Haddad e do presidente Lula. O fundo financia a educação básica em todo o País.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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