//DESENVOLVIMENTO// "Cidade turística tem de ser boa também para a população"

Andreia Rodrigues: em Capitólio, empresários são parceiros, não concorrentes

Salete Silva

A cidade que é boa para o cidadão é boa para o turista.  A principal mensagem aos participantes do 1º Fórum Online: Lideranças e Integração para Desenvolvimento do Circuito das Águas Paulista, no primeiro dia do evento, que começou na segunda-feira, 13 de julho, veio de Andreia Rodrigues, secretária-adjunta de Desenvolvimento Econômico de Capitólio, um dos principais destinos turísticos de Minas Gerais.

“O cidadão tem de estar contente com a cidade onde ele vive”, afirmou a secretária. Foi com esse princípio que se iniciou o processo de desenvolvimento turístico de Capitólio há quase uma década, quando o município deixou de ser uma cidade que tinha como única referência as Escarpas do Lago, um dos seus pontos atrativos, para se transformar na cidade nacionalmente conhecida por seu turismo náutico.

Partindo da ideia de que a cidade quando é boa para o cidadão será boa também para o turista, a prefeitura de Capitólio iniciou seu processo de desenvolvimento turístico e econômico com medidas para beneficiar aos munícipes, que careciam de áreas públicas de lazer, melhorias na pavimentação envelhecida e investimentos na entrada da cidade tomada por caçambas de lixo, matos e barro, e que se transformou em seu cartão de visitas.

“As obras elevam a autoestima da comunidade”, afirmou Andreia. Além da pavimentação da entrada da cidade, das ruas centrais e dos bairros, Capitólio ganhou quatro novas praças, uma Casa da Cultura e um Centro de Apoio ao Turista. “Promovemos uma melhoria para os colaboradores do município, além da readequação de todos os setores da prefeitura, que tinham computadores velhos e internet ineficiente.”

Outra lição de Capitólio aos participantes do Fórum foi a necessidade da conscientização dos empresários como parceiros e não concorrentes entre si. “Fizemos um trabalho de sensibilização para que o empresário se entenda como parceiro; aqui ninguém é concorrente de ninguém”, afirmou a secretária.

O entrosamento entre os empresários, no entanto, foi facilitado pelos encontros mensais realizados há mais de 20 anos. A integração empresarial facilitou a formalização de entidades representativas do setor, de onde surgiram ideias para diversas inciativas bem sucedidas, como o Festival Sabores do Peixe, evento de degustação para moradores e turistas de pratos elaborados com tilápia, que já está na sua 6ª edição.

O festival é resultado do fomento do setor alimentício, em especial da produção de tilápia, que soma cerca de 400 toneladas por mês, consumidas no município. Os setores de alimentação e de hospedagem receberam consultorias de gestão, com a presença de "chefs" de cozinha.

Os empresários fizeram as melhorias indicadas pelas consultorias, muitos fizeram reformas e ampliação de seus estabelecimentos. Todo o investimento foi realizado pela iniciativa privada, incluindo a capacitação dos profissionais para atuar no turismo náutico, que contou com um convênio com a Marinha. Trabalhadores e empresários que atuam na área foram capacitados em relação à regulamentação e profissionalização da prestação do serviço no município.

Capitólio conta com 500 pilotos capacitados, 400 embarcações regulamentadas, além do ordenamento costeiro. O município tem ainda uma delegacia da Marinha do Brasil.

O fluxo de turismo passou a ser controlado e as lanchas de passeios cadastradas. Capitólio criou ainda uma taxa de turismo de R$ 2 por quarto na diária. Os recursos se destinam principalmente ao Fundo Municipal do Turismo, utilizado para os investimentos de obras e eventos turísticos.

Neste momento, no entanto, Capitólio que recebeu no início da pandemia muitos turistas que procuraram se refugiar em locais mais sossegados, teve de fechar todas as atividades do Lago de Furnas, como bares, restaurantes e serviços turísticos, além de cancelar inaugurações de novos pontos turísticos depois da piora da situação epidemiológica na cidade vizinha, Piumhi.

“Estávamos com tudo preparado e veio a pandemia, que nos obrigou a repensar tudo e planejar novamente, e o desafio é maior ainda do que o serviço náutico. Estamos com tudo fechado desde março, hoje já temos desemprego, a arrecadação municipal caiu e agora muitos desafios e esperança”, disse a secretária.

A cidade está refazendo seu planejamento. Enquanto espera a reabertura, a prefeitura está realizando seminários online de alimentação, para adaptar os cardápios às novas necessidades, gestão de delivery, que é uma nova oportunidade de mercado, e de protocolos de higiene e saúde para os meios de hospedagens, baseados nas normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), Sebrae e Ministério de Turismo.

“Os workshoppings permitem tirar as dúvidas dos empresários e ajuda-los a se planejar, para mostrar essa segurança para o turista”, afirmou. O objetivo é se preparar para que o turista se sinta seguro. O município já iniciou também um planejamento estratégico para a retomada da economia da cidade. “Estamos revendo nossos planejamentos com um novo olhar e aproveitando toda essa nossa experiência e acreditamos que vamos sair dessa mais fortes e melhores”, finalizou. 

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