- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Fernando Pesciotta
A Bolsa de Valores de São Paulo teve ontem (2 de junho) o maior volume de negócios desde o dia em que a Organização Mundial de Saúde anunciou a ocorrência da pandemia da covid-19. Ou seja, desde o início de março. O Ibovespa registrou pouco mais de 91 mil pontos. Porém, as transações num passado não tão distante somaram bem mais de 100 mil pontos, e este é um primeiro dado que justifica a necessidade de a “boa” notícia ser analisada com mais cuidado.
Outro argumento importante a ser levado em consideração é que as recentes e recordes quedas deixaram os papéis num preço convidativo, principalmente quando se olha para o leque de opções de investimentos e não se vê nada muito atraente. Com os juros básicos da economia no piso histórico, e com tendência de até cair mais, emprestar para o Tesouro deixou de ser o melhor negócio do mundo, literalmente. Junte-se à baixa remuneração o risco de se negociar com este governo.
O cenário internacional é outra justificativa de analistas ouvidos pela imprensa nesta quarta-feira. A reabertura dos mercados na Europa, onde o registro de novos casos de coronavírus desacelera, renova o ânimo dos investidores. É motivo de alarde um provável pacote alemão de estímulo à retomada da economia num total de € 100 bilhões.
Além disso, observam esses analistas, a China pode estar suspendendo a compara de soja dos EUA, em mais um lance na eterna guerra comercial entre os dois países. Com isso, haveria espaço para avançar a exportação brasileira.
Em síntese, preços baixos, falta de boas opções de investimento e um cenário global mais otimista ajudam a explicar o movimento da Bolsa. Porque internamente, a mazela econômica continua, sem que haja um efetivo projeto de recuperação pós-pandemia, que, por sinal, bate novos recordes de doentes e mortos.
Queda
Como previsto, os indicadores macroeconômicos que estão sendo anunciados nesta semana reforçam a necessidade de ações mais drásticas para incentivar a retomada da economia. Conforme destaca o G1 nesta manhã, a produção industrial caiu mais 19% em abril. Em apenas dois meses, o recuo acumulado é de 26,1%.
Cautela
Acossado pelo STF, segundo a Folha, e pressionado pelo crescimento dos movimentos populares contra ele, conforme o Valor, o presidente Jair Bolsonaro parece ter mudado de estratégia e agora busca o diálogo. Numa tentativa de demonstrar essa nova postura, ontem ele prestigiou a posse do ministro Alexandre de Moraes no TSE. Além disso, nos bastidores as conversas com o STF estariam envolvendo ministros do Planalto. O próprio Bolsonaro teria ligado para o presidente do STF, Dias Toffoli.
A decisão do ministro Celso de Mello, de negar o pedido de entrega do celular de Bolsonaro na investigação de delitos que teria cometido, ajudou na mudança do Planalto, acrescenta a Folha.
Não é a primeira vez que o presidente indica que vai respeitar os Poderes. Se voltar às bravatas e ao apoio a tentativas de fechamento do Judiciário e do Legislativo, também não será um fato inédito.
Os próximos dias serão importantes para o governo medir seus passos, que provavelmente terão de ir além do acordo com a política tradicional do Centrão. As perspectivas apontadas pela imprensa e pelas redes sociais são de crescimento dos protestos de rua contra Bolsonaro e o que ele representa, suas ameaças à democracia.
A reverberação das manifestações dos EUA em praticamente todo o mundo é vista como estímulo aos protestos aqui no Brasil. Ontem, em Paris, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar milhares de pessoas que protestavam contra o racismo.
Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário
Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.