//OPINIÃO// É mais fácil matar o mensageiro do que acreditar nas más notícias


Carlos Motta

Uma parcela ínfima dos leitores do Viva! Serra Negra acusou o site de produzir uma notícia falsa (clique aqui). Para eles, a informação de que o número de mortes pela covid-19 contabilizado pelo Ministério da Saúde na sexta-feira, 8 de maio, e levada pelo Viva! aos seus leitores é uma rematada mentira.

Esse fenômeno de uma parcela da população brasileira descrer do jornalismo profissional pode não ser recente, mas foi exacerbado no governo Bolsonaro, que vem incentivando, de todas as formas, tal crença. 

Pessoas que antes acreditavam em cada palavra do "Jornal Nacional", da Globo, por exemplo, hoje são seus maiores críticos. 

Jornais tradicionais como Folha de S. Paulo, O Globo, Estado de S. Paulo, entre vários, são execrados diariamente pelas autoridades governamentais de Brasília.

A mudança, como dizem, da água para o vinho, ocorreu simplesmente porque tais veículos de imprensa deixaram de falar o que boa parte dos apoiadores do atual presidente queria ouvir. Ou seja, eles não admitem críticas, são contra um dos princípios elementares da democracia, que é o debate de ideias.

No caso específico do noticiário sobre a pandemia do covid-19 não é diferente. 

Negar a realidade, pretender que os fatos se ajustem à sua imaginação, criar um mundo paralelo e fazer o possível para nele viver, são, claramente, atitudes de quem carrega algum tipo de patologia.

Muitas dessas pessoas, tenho certeza, acreditam que a Terra é plana, que o "kit gay" foi distribuído para milhões de crianças com o fim de mexer com a sua sexualidade, que o filho do Lula é dono da Friboi, que o próprio Lula tem milhões de dólares guardados em cofres pelo mundo afora, que a sua falecida esposa tinha R$ 260 milhões no banco, que comunista é vagabundo e quer destruir a família, que o dízimo pago ao pastor é a chave do paraíso na outra vida - e que o covid-19 é apenas uma gripezinha.

Enfim... 

Nós, do Viva! Serra Negra, nunca pretendemos ser donos da verdade. Mas nunca abdicamos - e nunca vamos abdicar - de nos agarrar aos fatos em cada notícia que produzimos. 

Jornalismo, para nós, é coisa séria. 

No meu caso, em quase 50 anos de labuta profissional, a maior parte deles passado nas redações da chamada "grande imprensa", aprendi que o custo de levar uma informação errada ou distorcida ao público é enorme, pessoal e profissionalmente. Um erro, por menor que seja, dói um bocado, arranca da gente um pedaço da autoestima e nos faz refletir um bocado sobre o que fazer para que ele não se repita. Isso sem contar que pode levar a uma demissão por justa causa. Acreditem, eu vi isso acontecer.

A ilustração acima reproduz os títulos, da Agência Brasil, Folha de S. Paulo, Valor Econômico, Reuters e portal G1, da mesma notícia do Viva! que suscitou a indignação de alguns leitores.

Como se pode observar, todos esses órgãos de imprensa dão a mesma informação - uma informação oficial, do Ministério da Saúde. 

Infelizmente, porém, há quem prefira, diante das más notícias, matar o mensageiro. Dói menos que encarar a realidade.

Comentários

  1. Continue firme com o bom trabalho!
    Serra Negra nunca teve um portal de notícias como este! É de grande crescimento intelectual para nossa cidade poder contar com suas informações! As pessoas estão cegas... Principalmente aquelas que continuam a idolatrar os políticos!

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  2. Boa tarde! Neste caso do Covid - 19, antes de disparar bobagens ás pessoas apenas deveriam ter dado uma olhada do Site do Ministério da Saúde. Infelizmente alguns ainda não conseguem ter opinião própria, distinguir o certo do errado, sem influência, ou no mínimo ficar em silêncio.

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