//FALA, CIDADÃO!// Novos tempos, novas atitudes


Marcelo de Souza

Precisamos abrir um pouco a mente e perceber que algumas tradições precisam ficar no passado.

A evolução é lenta, mas acontece a cada instante.

Às vezes damos uns passinhos para trás, mas a resultante do caminhar sempre é pra frente.

Tem que ser pra frente. Novos tempos exigem novos pensamentos e novas atitudes.

A palavra de ordem deveria ser respeito ao próximo, onde o meu direito termina e começa o do outro, de empatia, de responsabilidade social e ambiental.

Justificar, por exemplo, a queima de fogos de artificio, exploração animal em rodeios, pássaros engaiolados, vaquejadas, rinhas, farra do boi, queimadas ou em qualquer outro ato ou evento porque faz parte da tradição, é negar a evolução, a razão, a sensibilidade, a empatia e o respeito com o semelhante, com os animais e com o meio ambiente de um modo geral.

Sabe-se que o simples estouro de fogos de artifício emite poluentes na atmosfera. Sem falar na poluição sonora.

Ainda existe a possibilidade de incêndio, colocando em risco pessoas, faunas, floras e contribuindo ainda mais com a poluição atmosférica quando acontecem.

Não são raros os casos de pessoas que buscam atendimento médico devido a queimaduras produzidas por acidentes no manuseio destes artefatos.

Incomoda quem necessita de sossego ou repouso em hospitais, asilos etc.

Nos animais domésticos geram estresse excessivo, alteração na frequência cardíaca e às vezes provocam acidentes, quando o animal atormentado e desnorteado foge. Quem tem animal em casa sabe disso e sofre ao ver o seu animal desesperado.

Essas reações também acontecem em animais silvestres e nesses casos nem sempre existe um humano próximo para tentar remediar a situação. Não é triste provocar esse medo nesses seres já tão vulneráveis devido à expansão urbana predadora e desordenada?

São inúmeros os argumentos contrários a esse entretenimento que beira a irracionalidade e a total falta de respeito com o seu semelhante e com o meio ambiente.

Mas só são uns dez minutos de perturbação e só em duas ou três ocasiões no ano, não é verdade? Sim, mas nesses dez minutos, tudo o que foi citado pode acontecer e, em alguns casos, provocar acidentes graves e irreparáveis.

E fica a pergunta: precisamos disso para sermos felizes? Já não temos diversão e entretenimento suficientes nesse mundo “moderno”?

Serra Negra está localizada numa região geologicamente privilegiada e poderia apontar o rumo para o seu crescimento privilegiando mais as questões ambientais e humanas. Isso poderia ser um diferencial.



Lendo a matéria "Serranos começam a rever queima de fogos de artifício", fiquei confuso por que foi dito que é legal vender, mas é proibido soltar. Então como explicar a barulheira que foi a passagem de ano na cidade? Faltou comunicação? Parece que sim.

Se Legislativo fez uma lei e o Executivo a sancionou, é porque a lei é importante para a cidade. Nossos governantes e nossos representantes não estão lá brincando ou só usufruindo das benesses dos cargos, certo? Se fizeram e aprovaram uma lei, é porque o tema é importante e fundamental para a cidade.

Portanto, com lei em vigor ou suspensa, causa estranheza nenhuma movimentação do Executivo e do Legislativo no sentido de fazer antecipadamente campanhas intensivas de conscientização contra a queima de fogos de artifício no município. Lavaram as mãos?

Se o Executivo se posicionou tacitamente a favor da proibição da soltura atendendo à vontade popular legitimada pelos vereadores, por que não capitanearam uma campanha de conscientização para inibir a queima de fogos? Contradição? Oportunismo? Votos?

Fazem as leis e as esquecem nos arquivos da Prefeitura e da Câmara Municipal?

Todos se silenciaram, até mesmo os autores do projeto de lei e a própria Prefeitura que sancionou a lei.

Dias antes e na passagem do ano, só se escutou os estouros dos rojões e mais tarde notas oficiais protocolares que, como quase sempre, falam muito e não dizem nada ou, que não resolvem nada. O problema continua existindo.

Precisamos evoluir. Pensar no próximo, pensar nos animais que já usamos e abusamos excessivamente ao longo da história humana e no meio ambiente que hoje grita por socorro.




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