//MÚSICA// Maestro quer fazer história em Serra Negra

Maestro Agenor Ribeiro Netto: "Nossa orquestra é moderna, alegre e descontraída

Salete Silva


O maestro Agenor Ribeiro Netto, idealizador e diretor-artístico da Sinfonia das Águas, um espetáculo com 70 músicos, 20 bailarinos e efeitos especiais, não esconde o entusiasmo com o projeto musical que pretende desenvolver em Serra Negra em parceria com a prefeitura e a iniciativa privada.

Sua paixão histórica pela cidade que frequentava quando criança com seus pais e a oportunidade agora de desenvolver um projeto cultural em Serra Negra é para o maestro juntar o útil ao agradável.

O dia 25 de agosto, quando vai reger a orquestra Jazz Sinfônica de São João da Boa Vista numa apresentação para mais de 1 mil pessoas, no Centro de Convenções de Serra Negra, deverá, segundo ele, ser um marco na história do município, que, na sua opinião, tem enorme potencial turístico. 

Um dos objetivos da apresentação da orquestra é trazer potenciais patrocinadores para conhecer o projeto turístico planejado para o segundo semestre pela prefeitura de Serra Negra. 

A cidade, o maestro avalia, tem excepcional rede hoteleira com ótima comida e excelentes opões de lazer, além de estar situada numa posição estratégica no Estado. “Turismo em Serra Negra não tem erro: é 'mosca branca!'”, afirma.

Em entrevista ao Viva! Serra Negra, o maestro fala também sobre a importância da Lei Rouanet com a qual pretende financiar o projeto, e atribui as críticas à legislação ao mito que se criou em torno dela e às fake news. “Uma das melhores coisas que aconteceram para a cultura brasileira foi a Lei Rouanet”, afirma. 

A seguir, a íntegra da entrevista:

Viva! Serra Negra - Como será a apresentação do dia 25 de agosto?
Agenor Ribeiro - Nossa orquestra, como costumo dizer, é uma orquestra do século 21. É moderna, alegre, descontraída. Nesse dia, seremos dois artistas no Centro de Convenções: a orquestra e o público. Se ele não vem para o palco, o concerto não existiu. Em nossas apresentações, a interação orquestra-público é intensa.

Viva! Serra Negra - O objetivo é atrair grandes patrocinadores para o projeto Sinfonia das Águas que o senhor pretende trazer para Serra Negra. Como é esse projeto?
Agenor Ribeiro - Sim, o principal objetivo de mostrar a orquestra é também fazer uma apresentação da Sinfonia das Águas para eventuais patrocinadores. Esse foi um evento criado por mim em 2006. Desde então, foram para Poços de Caldas cerca de 370 mil turistas nas 64 apresentações que aconteceram na cidade. São 7.000 pessoas por edição e a rede hoteleira lota. Parte dos turistas tem que se hospedar nas cidades da região (Águas da Prata, Andradas, Pocinhos do Rio Verde). São colocadas à venda 1.300 cadeiras que normalmente se esgotam 30 dias antes de cada evento. Fora isso, outras 2.700 cadeiras são ofertadas gratuitamente para o público que não adquire as numeradas. 

Viva! Serra Negra – É um grande musical. 
Agenor Ribeiro - Sim, com 70 músicos, 20 bailarinos, atores, efeitos especiais, megaprojetores e mais de 250 mil watts de som e luz. É um evento realizado por meio da Lei Rouanet e esse projeto ainda tem duas edições em aberto para serem realizadas até 31 de dezembro deste ano. Terminado esse projeto já teremos outro aprovado para 2020.

Viva! Serra Negra - Como funcionarão as parcerias com a prefeitura e a iniciativa privada?
Agenor Ribeiro - É um evento praticamente pago pela iniciativa privada via Lei Rouanet. Se conseguirmos realizar esse projeto será fora de Poços de Caldas. A parte da prefeitura será mínima: palco, transporte dos músicos, alvará dos bombeiros e alimentação (um jantar) para 100 pessoas. Todo o resto é financiado pelo projeto: som, luz, seguranças, contrarregras, músicos, balé, banheiros químicos, 4.000 cadeiras, mídia, geradores, projetores, ações cenográficas etc. 

Viva! Serra Negra – Quantas pessoas estão envolvidas no espetáculo?
Agenor Ribeiro - No total, em cada sinfonia trabalham entre artistas e equipes de apoio cerca de 220 pessoas - som, luz, segurança, montadores etc.

Viva! Serra Negra - O senhor já conta com duas linhas de financiamento. Uma é o Proac e a outra é a polêmica Lei Rouanet. Como funciona o patrocínio por meio dessas leis?
Agenor Ribeiro - No caso da Sinfonia das Águas, o evento é na Lei Rouanet. Qualquer empresa que pagou Imposto de Renda com lucro real pode entrar. Ela abate 4,5 % do valor.

Viva! Serra Negra - Por que o senhor acha que o brasileiro não consegue entender a importância desses incentivos fiscais para estimular os investimentos em cultura e proporcionar o desenvolvimento não só cultural como econômico?
Agenor Ribeiro - Muito mito, muita fake news. Muitos empresários têm medo de aportar porque receiam sofrer uma devassa fiscal, o que não é e nunca foi verdade. Sempre digo que a cultura não consegue viver só do Estado, mas ela não sobrevive sem o Estado, que ajuda a fazer a sua base. Uma das melhores coisas que aconteceram para a cultura brasileira foi a Lei Rouanet. Sua nova versão no atual governo, ao contrário do que dizem, ficou ótima e democrática. A Sinfonia das Águas se encaixa perfeitamente nessas novas e oportunas normas.

Viva! Serra Negra – Poços de Caldas encerrou a parceria?
Agenor Ribeiro - Poços não encerrou a parceria, tanto que faremos uma sinfonia ainda neste ano. Já temos o aporte integral dela, patrocinado pela Lorenzetti, que instalou uma indústria em Poços recentemente. O que ocorre é que foram previstas para Poços quatro sinfonias, mas acabamos ficando apenas em uma, a exemplo do que ocorreu nos dois anos anteriores. É uma pena porque, pode verificar na internet e pesquisar, trata-se do maior evento turístico da cidade. Por causa dele tive a honra de receber o título de Cidadão Poços-Caldense e o então governador Antonio Anastasia me outorgou a comenda Juscelino Kubitschek pelos relevantes serviços prestados à música e ao turismo de Minas Gerais e ainda nos levou para uma antológica apresentação em Belo Horizonte para 10 mil pessoas. 

Viva! Serra Negra – Há quanto tempo existe a Jazz Sinfônica de São João da Boa Vista, quem a fundou, desde quando o senhor é o seu maestro?
Agenor Ribeiro - Eu sou o fundador dela, assim como reativei também a Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas, da qual também sou o regente titular. A Jazz foi criada em 2010. Desde então apresentou-se para mais de 300 mil pessoas em cerca de 34 cidades, dentre elas São Paulo, Campinas, São Carlos e várias outras do Estado de São Paulo, além de cidades do sul de Minas Gerais. Estaremos em Serra Negra com 70 músicos, dois cantores e uma cantora.

Viva! Serra Negra - Quais são, na sua avaliação, as principais dificuldades de atrair patrocinadores no atual momento?
Agenor Ribeiro – Há apenas uma dificuldade, que é ter empresas de porte maior que tenham sobra para investir na Lei Rouanet. Normalmente, tem esse poder bancos, concessionárias de rodovia, grandes indústrias, transportadoras etc. Como o atual governador João Dória acaba de criar um programa investindo pesado no turismo paulista, creio que seja o momento atual para tê-lo como parceiro nesta empreitada, ajudando a cidade na captação, uma vez que ele tem todos os contatos possíveis e imaginários.

Viva! Serra Negra - Por que o senhor escolheu Serra Negra para trazer o seu projeto?
Agenor Ribeiro - Tenho uma história de paixão pela cidade, porque quando criança era destino de meus pais. Soube por meio de um diretor da EPTV do momento atual de investimento da cidade no turismo. Estávamos a caminho de São Lourenço e ele me convenceu a procurar Serra Negra, que resolveu investir pesado no turismo e quer se firmar como um dos mais importantes destinos do Estado de São Paulo. Por isso achamos que a Sinfonia das Águas poderá ser um marco na história da cidade, sem dúvida. Nunca tivemos menos que 13 Estados presentes em cada sinfonia. A média é 16 e na última, tivemos 18 Estados. Esta verdadeira "horda" de turistas com certeza migrará para Serra Negra, porque todas as sinfonias são literalmente lotadas. Poderemos manter uma apresentação em Poços e, havendo patrocinadores, Serra Negra poderá realizar as outras três. Juntou o útil ao agradável. Uma cidade que adoro e com a qual, de repente, posso contribuir decisivamente

Viva! Serra Negra - O que o senhor acha do potencial turístico da cidade?
Agenor Ribeiro - Enorme! Também o entusiasmo do secretário de Turismo é contagiante. Ele quer fazer as coisas acontecerem. A cidade é uma graça, linda, acolhedora. Uma excepcional rede hoteleira com ótima comida e excelentes opções de lazer. Além do mais, situada numa posição estratégica no Estado. Turismo em Serra Negra não tem erro: é "mosca branca"! 

Viva! Serra Negra – Quais as expectativas para a apresentação do dia 25 de agosto?
Agenor Ribeiro - Estou bastante entusiasmado com as perspectivas que se abrem. Acho que, de repente, o dia 25 poderá ser um marco na história da cidade. Torço para que dê certo - e haverá de dar certo! 



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