Manhã de sábado, fila para pagar em uma das milhares de lojas que vendem queijos e doces no Centro de Serra Negra.
O caixa conversa com o freguês:
- Esse aí - apontando para o seu colega que está embrulhando algo - vai se aposentar com 90 anos. Votou no Lula, agora aguenta.
O homem responde:
- Esse pecado não carrego.
O grupo de fregueses, turistas, obviamente, que está na minha frente na fila, ri alto.
O caixa continua:
- Queria mesmo contratar um "sniper" para dar um tiro na cabeça dele. O problema é que depois o sniper iria preso.
Sniper, para quem não sabe, é um atirador especializado em disparos de longa distância e alta precisão.
Os fregueses riem novamente.
O caixa fala em seguida alguma coisa como "soube da última? Agora ele quer aumentar a contribuição da previdência..."
E se despede dos turistas, desejando "bom passeio".
Já na rua, procuro o sol para espantar o frio da manhã. O céu está naquele momento sem nenhuma nuvem.
Azul.
Sei, porém, que apesar dessa boa sensação, dessa quentura que faz bem ao corpo, há muitas sombras por aí dispostas a entristecer o presente e o futuro deste país.
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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra
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