//CARLOS MOTTA// Partido de Bolsonaro está sem direção em Serra Negra



O Partido Liberal, PL, agremiação política que dá guarida a Jair Bolsonaro e é presidida pelo ex-presidiário Valdemar Costa Neto - "Boy" para os mais íntimos -, elegeu em 2024 o vice-prefeito de Serra Negra, Rodrigo Demattê Angeli, e os vereadores Karina Kellys e Tuco da Água. A curiosidade profissional me fez, em vista dos recentes episódios da vida nacional, conferir no site do Tribunal Superior Eleitoral a situação dos partidos políticos que atuam na cidade. E para minha surpresa, vejo lá, o tal PL está inativo desde fevereiro deste ano, pois não renovou a sua direção. 

O PL serrano foi recriado pelo grupo do ex-vereador Marco Bueno, que faz oposição à família Chedid. Bueno é presidente do Republicanos, mesmo partido do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. Poucos meses depois de sua recriação sua direção foi defenestrada e trocada, com a agremiação passando a integrar a base de apoio do prefeito Elmir Chedid (União Brasil).

O golpe desferido no grupo de oposição a Chedid teve como objetivo engordar o agrupamento partidário do prefeito com vista às eleições municipais do ano passado e por consequência enfraquecer seu adversário. Deu certo: a chapa Elmir Chedid/Rodrigo Demattê venceu folgadamente e a Câmara Municipal ganhou dois vereadores absolutamente alinhados com o Executivo.

O PL tem a maior bancada na Câmara dos Deputados e Senado. Segundo o site Congresso em Foco, um terço da bancada do partido na Câmara dos Deputados é composta por réus em ações penais ou por investigados. Não podia ser diferente, afinal sua maior liderança hoje é obrigada a usar uma tornozeleira eletrônica, além de ter outras restrições no seu dia a dia, necessárias, segundo a Justiça, para impedir que fuja de uma provável prisão por inúmeros crimes contra a democracia -  ou contra o povo brasileiro, como queiram.

A julgar pelo perfil conservador, em alguns casos até mesmo reacionário, da maioria da classe política serrana, era de se esperar que o partido aqui florescesse. Em vez disso, ele murchou, como nacionalmente vem ocorrendo com a legenda, que a cada dia fortalece mais a sua marca de quinta-coluna, de lesa-pátria, de contrária aos interesses do povo brasileiro e de entreguista - como prova a inacreditável cena dos seus deputados exibindo a bandeira de Trump na Câmara dos Deputados.

Pode ser que a morte do PL local tenha sido porque ele já cumpriu por aqui com perfeição o seu papel de legenda de aluguel. Agora, sem serventia, com a imagem irremediavelmente ligada ao pior da política brasileira, nada mais normal ele desaparecer. Mas de certa forma, é uma pena que isso ocorra: existindo, ao menos poderíamos identificar quem dele faz parte para nos mantermos bem longe dessas pessoas.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra


Comentários

  1. Leandro Fornari Roque26 de julho de 2025 às 06:30

    Se a eleição fosse hoje Bolsonaro teria no mínimo 75% dos votos dos Serranos que não apoiam tortura, nem presos políticos e muito menos bandidos.

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