//FERNANDO PESCIOTTA// Estupro e aborto



Para a extrema-direita brasileira, que se esconde atrás da religião evangélica, se uma menina for estuprada e engravidar, terá de viver o resto da vida com a consequência disso porque se fizer o aborto terá de ir para a cadeia.

Essa monstruosidade mobilizou milhões de pessoas. Incluindo manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, a reação tem sido vigorosa. Nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp, o tema é predominante.

Considerado uma referência no assunto, o ginecologista Olímpio Moraes, diretor-médico na Universidade de Pernambuco, diz ao jornal O Globo que 80% dos estupros no Brasil são contra meninas que muitas vezes nem sabem o que é gravidez.

A despeito da força midiática de evangélicos e milicianos bolsonaristas, e do farto uso de fake news, o presidente da Câmara, Arthur Lira, se convenceu de que a pressão contrária ganhou tração.

Por isso, na noite de quinta-feira (13) Lira se comprometeu com a bancada do governo a só votar o projeto de lei que equipara aborto a homicídio após a realização de seminários para discutir a matéria.

Lira deixou o bonde andar e nada fez quando o regime de urgência para a proposta foi aprovado. Mas, pressionado, agora diz que o projeto da bancada evangélica (leia-se bolsonarista) será tratado com “cautela”. E garantiu que a proposta não estabelecerá mudanças para casos já previstos em lei, o que não ajuda muito.

Apesar dessa nova fase de Lira, os movimentos contrários à proposta devem continuar, sob risco de a desatenção permitir sua aprovação num colégio tomado por deputados ruins.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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